Técnica de Produção, Reportagem e Redação Jornalística

Jeffree Star – O grotesco como estilo de vida

Posted in Perfil by micheletavares on 27/11/2009

“F*ck me, I’m a celebrity”. A Celebridade da internet que nutre paixões por sexo, glamour e violência.

Por Lohan Montes

O ano de 2009 sem dúvida é o ano de Jeffree Star. Há poucos meses, Beauty killer, seu primeiro álbum de estúdio, foi lançado alcançando sucesso imediato e esgotando em diversas lojas no primeiro dia de venda. Provavelmente ele seja uma das pessoas mais famosas da qual você nunca ouviu falar. A não ser que você tenha uma conta no myspacetwitterbuzznet ou em alguma rede social da qual “A Rainha da Internet”, como se auto-denomina, participe.

Jeffree Star

Com 23 anos, Jeffree Star é modelo, estilista, maquiador, cantor e compositor; não tem vergonha, é sujo e vive para sua auto-proclamação. “Eu quero sair dos rótulos. Eu não quero minha vida inteira amontoada em uma única palavra. Uma história. Eu quero encontrar algo diferente, irreconhecível, algum lugar para estar que não esteja no mapa. Uma verdadeira aventura. Uma esfinge. Um mistério. Um branco. Desconhecido. Indefinido”, diz em seu perfil no myspace.

Desde a época do colégio era o mais popular por usar roupas femininas e o cabelo sempre colorido. Jeffrey Steininger nasceu dia 15 de novembro de 1986. Seu pai morreu quando ainda era criança e sua mãe trabalhava como modelo; foi dela que partiu sua inspiração maior para maquiagem e o glamour do mundo das modelos.  Desde cedo, Jeffree costumava frequentar as boates mais badaladas de Los Angeles – com ajuda de uma identidade falsa -, e desse modo, logo estava fazendo maquiagem para celebridades como Paris Hilton e Nicole Richie.

No entanto, seu sucesso maior só veio depois que ele converteu sua página do myspace em uma página musical. Foi com músicas como “Cunt” e “Lollipop Luxury” que sua popularidade disparou. A maioria de suas canções falam de modelos, festas e sexo. Como resultado, obteve 17 milhões de visitas no myspace. Jeffree Star define sua música tecno como de “seu próprio gênero”. Diz que é “o anti-pop star, como Britney Spears e todas essas cantoras polêmicas, só que mais sujo e mais nervoso”. E suas músicas têm o mesmo efeito “que perder a virgindade – você não tem certeza se o cara vai chamá-lo de volta e há muito nervosismo”, como fala em entrevista à Out.com.

Em matéria de visual e atitude bizarra ninguém o supera: roupas femininas e provocantes, tatuagens em todo o corpo, cabelos coloridos e muita maquiagem; como explica em seu myspace, “Eu sou um carro de fuga para os sentimentos reais”. É com esse visual grotesco que “A Rainha da Internet” vem conseguindo a fidelidade de seu público. Embora muito popular entre os jovens e com atitudes mais extravagantes que as do próprio David Bowie nos anos 70, Jeffree também é alvo de críticas e, constantemente, causa polêmica brigando com outros artistas como Tila Tequila (outra estrela do myspace que já teve seu prórprio reality show na MTV, o “shot at love”) e Miley Cirus, a famosa Hannah Montana, para quem compôs seu próximo single.

Com atitudes tão excêntricas, é claro que os rumores não poderiam deixar de surgir. Em 2007, um site de fofocas publicou que Jeffree teria esfaqueado uma garota após ser atingido por uma garrafa de vidro na parada gay. Nada foi confirmado. O blogueiro de fofocas das Celebridades, Perez Hilton, publicou que Kelly Ousborne teria aumentado sua segurança ao se sentir perseguida por Jeffree. “Honestamente, eu tenho homens de segurança que realmente têm de se ligar neste fã. Eu não aguento quando ele aparece, embora seja divertido ele adorar usar roupas femininas”. A Informação não passou de um mal entendido esclarecido no próprio blog.

No entanto, a grande crítica a respeito do cantor gira em torno de sua aparência. Muitos dizem que ele quer mudar de sexo, outros que tudo não passa de uma tentativa de chamar atenção. Em entrevista à Out.com, Jeffree explica. “Eu sou um cara, não quero ter uma mudança de sexo – você sabe, minha mãe me abençoou – então, eu vou continuar sendo um homem que parece com uma mulher e todo mundo vai gostar disso”.

Myspace: http://www.myspace.com/jeffreestar

Buzznet: http://jeffreestar.buzznet.com/user/

Twitter: http://twitter.com/jeffreestar

Youtube: http://www.youtube.com/jeffreestar

*Todas as fotos foram retiradas do site google.com

O lado poético do jornalista

Posted in Perfil by micheletavares on 26/11/2009

Por Lucas Peixoto

Todos do Estado de Sergipe conhecem Jozailto Lima, 49 anos, diretor de Jornalismo do jornal semanário Cinform. Alguns o respeitam como profissional e valorizam sua competência. Outros o chamam de sensacionalista por criar famosas e polêmicas chamadas de jornal, como aquela velha conhecida ‘Pipita é mandado aos quintos dos infernos’. Mas existe um lado deste profissional que poucos conhecem: o poético do texto lírico, lúdico.

Jozailto Oliveira Lima/Arquivo Pessoal

Para quem não sabe, em 1986, com apenas 26 anos, e morando ainda em Feira de Santana, Bahia, Jozailto publicou seu primeiro livro denominado ‘Flor de Bronze e outros poemas de Mediamor’. Mediamor, na invenção do poeta, significa o medo e amor numa única palavra, e traduz um certo sentimento gauche, aquele de que se vale Drummond para se ‘manifestar’ desajustado na vida – desajustado no sentido de nunca se deixar enquadrar por nada. Cético. À época, Jozailto estudava Letras na Universidade Estadual da mesma cidade.

É interessante notar em que idade o autor publicou seu livro. Carlos Drummond de Andrade, que é sua grande fonte de inspiração, editou seu primeiro livro com 28 anos – ‘Alguma Poesia’, em 1930. Vale lembrar que o poeta mineiro é de outubro de 1902. Aliás, a drumoniana não é a única fonte na qual este poeta-jornalista bebe. Ele tem um forte apego à poética de Manuel Bandeira, de João Cabral de Melo Neto, de Cecília Meireles, de Fernando Pessoa, sem se esquecer de Jorge Luis Borges, o polêmico argentino que vai além da poesia e é um excelente contista.

Dez anos depois, e já morando em Sergipe e trabalhando no Jornal Cinform, escreveu seu segundo livro, ‘Plenespanto’. Tempos mais tardes, em 2002, outro livro, ‘Retrato Diverso’, e considerado por ele o maior de todos. Ou pelo menos mais maduro. Esta obra traz o amadurecimento que o próprio poeta admite e que serviu para consolidar de vez seu reconhecimento no meio literário e poético de Sergipe – apesar de ele se achar mais jornalista que poeta.

Os três livros foram premiados. Ou pelo menos parte, porque do primeiro ele recebeu o Prêmio Godofredo Filho, em Feira de Santana, com 15 dos 115 poemas que lhe compuseram depois. Com o segundo e o terceiro ele ganhou dois Prêmio Santo Souza, em Sergipe, promovido pela Secretaria Estadual da Cultura.

E de onde vem boa parte dessa inspiração? A resposta está em um interior na Bahia, com menos de nove mil habitantes, onde o escritor nasceu. Várzea do Poço é o seu recinto originário, a sua Itabira, o berço mineiro de Drummond. Alguns de seus poemas são um tanto quanto evocativos de fundas lembranças do passado – família, paisagens, seres, amigos, pessoas – e revivem sua infância de ‘pastos imensos’ da sua aldeia, onde o poeta esperava o pai vir de Minas Gerais com sacas de café e profundas lembranças.

Em outros momentos o poeta revive seu instante de saída pro ‘mondo cani’ no ‘Poema da falsa partida’, mesclando verdades com ironias e fazendo um exercício de forte apelo emocional. “Quando saí de casa/ Quando o trem lentamente/ – Vuco-vuco – partiu me levando/ O pai gastou baú de lenços me acenando/(…) Já em mim, naquele instante/ Profundo da partida ao mundo,/ O que mas doía era o simples fato/ De que na minha cidade – vuco-vuco –/ Nunca passara um trem,/ E jamais houvera ferrovia”.

Em alguns momentos, seu pai, José Machado Lima, aparece em sonho, ‘vence o chão’ e o visita, ‘quase todas as noites’. O recanto familiar sempre sensibilizou o poeta a escrever com mais inspiração. Isso se dá também nas pessoas que naquela cidadezinha viviam, e vivem até hoje. Jozailto nunca abandonou as suas raízes e ainda tem um carinho especial pela cidade e por todos de Várzea do Poço, onde mora a mãe, uma dos sete irmãos, sobrinhos, tios, primos. Enfim, onde insiste em residir a sua memória primeira. No ‘Retrato Diverso’ o poeta dedica a um dos seus, duas páginas inteiras no comovente poema ‘Ode para o Irmão Augusto Lima’. O autor lembra muito bem da época em que escreveu e mostrou para seu ‘mano’, onde os olhos se encheram de lágrimas. E não é para menos. O poeta observa e descreve toda a manifestação de angústia que sua família viveu quando seu irmão, ‘o mais bonito/ entre os mais belos meninos daquele lugar/’, sofreu de paralisia infantil. “E o pai guardou até os últimos dos seus dias/ Um estranho orvalho nos olhos sem alegria/(…) E cada vez que  este meu irmão tropeça ou  cambaleia/ Sou eu – de nó na garganta e nos olhos aquelas/ mesmas lágrimas do pai – que vou ao chão/”.

Rita Olivieri, a sua professora de Teoria da Literatura na Universidade Estadual de Feira de Santana, que prefaciou seu primeiro livro, defende que ‘a reflexão sobre a condição do homem no mundo, a metapoesia perquirindo sobre o poder da palavra no processo de transformação da realidade e o passado revisitado em busca da própria integridade do ser’ são os pilares essenciais sobre os quais se constrói a poesia de Jozailto.

Fazendo uma exegese do poema ‘Corda Bamba’ vê-se uma simetria entre o que diz Olivieri e o pensamento do poeta: “há dias em que transito entre/ a areia da pinha e da pêra/ hesito antes do riso e da raiva/ insisto entre o prumo e o pânico/ desisto entre a lama e o luto// há dias em que não existo, e fico puto”. Até nos poemas em que ele lança mão da ironia, esta reflexão de que fala sua prefaciadora está presente: “Meu São Qualquer/ seja feita/ a vossa vontade/ assim na terra/ ou onde meu São quiser/ mas fazei com que/ nunca nunca/ – meu São São Nunca -/ eu creia em São Tomé”.  O que ele quer dizer com isso? Quer, sem sombra de dúvidas, fugir a uma convenção de que São Tomé legitima as coisas a serem vistas. Perceba a ironia que ele faz ao conceber dois santos novos: São Qualquer e São São Nunca.

Jozailto mostrou em seus livros que a cultura poética e literária reflete, refletiu e refletirá para a sua formação de jornalista. Ou será o contrário, com o jornalismo influenciando sua poesia? Os estilos adquiridos por ele advêm de suas experiências e influências nesse aspecto. Sua forma de escrever em jornal, de certo modo, possui uma tez poética. ‘A saúde de Déda e o gozo perverso dos psicopatas’, um dos seus últimos textos, é um exemplo. O ‘gozo perverso dos psicopatas’ mostra que não é uma escrita simples e adquirida apenas por práticas exaustivas no exercício da profissão. Ela tem base num conhecimento adquirido por conta própria e que reflete na sua feição textual. O texto ganha vida – apesar de o autor sempre fazer questão de separar o que é literatura do que é jornalismo. Separar e, às vezes, unir. Por que ele entende que ambos têm um pé firme na palavra.

 

 

DAC: um departamento em estado preocupante

Posted in Educação by micheletavares on 26/11/2009

“UFS dá oportunidade, mas não dá infra-estrutura”, diz chefe do departamento.

Por Anne Samara Torres*

O DAC por trás do tapume. (foto:Daniel Nascimento)

O Departamento de Artes e Comunicação Social (DAC) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) existe há 16 anos. Durante esse período, ocorreram obras nas suas estruturas física e educacional, mas tais estruturas ainda não são adequadas às demandas. Além disso, novas habilitações no curso de comunicação foram criadas em 2009, a exemplo de Publicidade e Propaganda e Áudio Visual (este ultimo substitui a habilitação em Rádio e TV, que está em processo de encerramento). Em 2010, outro curso passa a compor o departamento: Design Gráfico /Noturno.

Há alguns anos o departamento sofreu um incêndio. As obras de recuperação foram abandonadas pela empresa licitada, deixando grande parte das instalações inoperantes. Entretanto, há um esforço por parte dos professores e da chefia do DAC para manter aulas laboratoriais e cursos de verão.

A professora doutora Messiluce da Rocha Hansen aos seus 35 anos de idade, sendo 14 dedicados à universidade, é a atual chefe do DAC. Esta, sempre de salto, bem vestida e maquiada, recebeu atenciosamente o EmPautaUFS para uma cordial entrevista sobre esse e outros temas.

Prof.ª Dr.ª Messiluce da Rocha Hansen (foto: Anne Samara)

EmPautaUFS: Como é a rotina da chefe do DAC?

Messiluce da Rocha Hansen (MRH): É uma rotina, digamos, um pouco dura, exatamente pelo acúmulo de funções. Uma das primeiras coisas que eu fiz ao assumir a chefia foi instituir um horário de atendimento ao público que está fixado na porta da secretaria. Uma das minhas rotinas, quando eu chego, é checar os e-mails, porque as informações que eu passo aos professores é via e-mail, e esse é também um canal de contato do aluno com o presidente do colegiado. A outra rotina é a observância do calendário acadêmico da UFS. Uma outra coisa é receber a portaria, os documentos, e dar andamento (aos processos). Outro dado fundamental é acompanhar as tarefas dos funcionários locados nesse departamento, que são poucos, e isso agrava muito o problema porque nós temos um quadro técnico insuficiente para as demandas do DAC. A partir do ano que vem, o departamento, com o início das aulas de design, terá que abrir também à noite. Então vai ser muito difícil manter a secretaria, por exemplo, aberta nos turnos manhã, tarde e noite. Um outra atribuição é fazer as convocações para as reuniões.

EmPautaUFS: Quais os projetos de melhorias para o DAC?

Sala 16 (foto: Anne Samara)

MRH: Dois pontos que eu coloquei como prioridade foi intra-estrutura para as disciplinas laboratoriais e também a organização das rotinas quanto à entrega das cadernetas e dos programas de disciplinas. Uma das minhas medidas foi tentar equipar a sala 16 (localizada no DAC), transformá-la num laboratório. Atualmente nós temos 12 computadores lá, a estrutura de rede já foi montada, mas o laboratório ainda não está operacional porque falta tomada para ligar os computadores. E essas tomadas ainda não puderam ser compradas porque elas precisam passar por licitação.

“o laboratório ainda não está operacional porque falta tomada”

EmPautaUFS: Além do laboratório, há outros projetos de melhorias na estrutura do departamento?

MRH: Há o projeto da construção do Complexo de Comunicação Social, sendo que a informação que nós temos é de que muito embora já tenha sido licitado o projeto da obra, pelo menos o arquitetônico, ainda estava faltando fazer a licitação para o projeto elétrico-hidráulico da obra. Mas um dado preocupante foi que o Complexo de Comunicação não constou no hall de obras para serem realizadas, executadas, pela Universidade Federal de Sergipe no período de 2010-2014, que foi o período do PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional). E isso é preocupante! É preocupante porque no momento nós não temos nenhuma garantia de que o Complexo de Comunicação vá ser realmente construído no prazo de 2010 à 2014! E isso irá inviabilizar as disciplinas laboratoriais, principalmente dos cursos de

Laboratório de Fotografia (foto: Anne Samara)

Jornalismo, de Áudio Visual e de Publicidade e Propaganda, porque não se pode negar que são disciplinas que precisam de laboratórios específicos. Então nós, no momento, não dispomos da infra-estrutura para cumprir com as atribuições didáticas das disciplinas laboratoriais. A situação não está mais precária, no momento, porque nós podemos contar com o apoio fundamental do professor Luciano, que é o diretor do CESAD (Centro de Ensino Superior à Distancia), que liberou o acesso de um dos laboratórios de informática da UAB (Universidade Aberta Brasil) para disciplinas do DAC. Sem essa colaboração a nossa situação estaria muito pior, mas nós não podemos depender de ações isoladas, nós precisamos contar com uma infra-estrutura própria que permita uma rotineirização dessas atividades laboratoriais.

EmPautaUFS: Chegou alguma informação à senhora de quais motivos poderiam ter levado ao projeto não constar no PDI?
MRH:
A informação que eu tive da pró-reitora foi que deve ter ocorrido algum equívoco, mas que a obra estaria prevista. Então eu acho que o indicado seria procurar a COGEPLAN (Coordenadoria Geral de Planejamento).

EmPautaUFS: Na opinião da senhora, que conhece o curso há tantos anos, o que vem melhorando ou piorando?

MRH: O que eu posso dizer é que já foi muito pior. Nós não possuímos equipamentos suficientes para os alunos, nem equipamentos necessários como, por exemplo, equipamentos de fotografia. O aluno que precisar utilizar na aula de fotografia uma de nossas câmeras, não vai contar com câmeras digitais adequadas, inclusive para dar uma visão do

Sanitário? Só a porta diz! (foto: Anne Samara)

equipamento que é utilizado pelo mercado. O número de computadores com acesso à internet e com capacidade de processamento de dados é insuficiente. Nós temos uma grande dificuldade nesse aspecto. Mas quando eu entrei aqui como aluna, nós tínhamos apenas duas máquinas de datilografar, uma das máquinas não tinha o “Ç”, então era extremamente precário. O “Bonde Zero”, que foi o primeiro produto laboratorial, era na verdade um fanzine. Hoje nós temos um jornal que atende aos padrões um jornal universitário com periodicidade, que é o “Contexto”. Hoje nós temos a Rádio UFS, também, que é um laboratório para os estudantes de Radialismo, de Jornalismo e de Audio-Visual e que também traz uma contribuição significativa não apenas para a comunidade acadêmica da UFS, mas também para a comunidade aracajuana. Temos também nossos produtos laboratoriais digitais, objetos da disciplina de Jornalismo Online. Isso tem sido reflexo do significativo aumento do corpo docente efetivo, mas que ainda é insuficiente.

EmPautaUFS: Como a senhora se tornou chefe do Departamento de Artes e Comunicação (DAC)?

MRH: É uma eleição uma aberta. A pessoa se candidata à chefia, mas, na verdade, eu recebi o convite da professora Francisca Argentina, que foi a minha vice-chefe, mas que posteriormente renunciou. Ela era chefe de departamento na época e ela perguntou, em meio aos demais professores, da minha possibilidade de assumir essa chefia, então eu refleti se teria condições de assumir e desde o início eu interpretei esse exercício de chefia de departamento como uma obrigação que todo professor do departamento deve cumprir em algum momento de sua carreira. Tenho muito orgulho de ter sido aluna, muito orgulho de ser professora efetiva dessa instituição, e é com muito orgulho que exerço no momento a chefia.

EmPautaUFS: Qual a importância do Exame Nacional de Avaliação de Desempenho Estudantil (ENADE)  para o curso?

MRH: Eu tive a preocupação de conversar com os alunos, de tornar claro o papel fundamental da contribuição do aluno para a universidade. Eu vou dar um exemplo do curso de Publicidade e Propaganda: ele está autorizado, mas não está reconhecido. Os alunos participaram do ENADE como ingressantes. A nota deles vai funcionar como nota de partida para o reconhecimento do curso. Então, na possibilidade extrema dos alunos de Publicidade e Propaganda terem feito o boicote ao ENADE, isso poderia trazer graves implicações para o reconhecimento do curso.

EmPautaUFS: E a proposta de boicote feita pelo movimento estudantil?

MRH: No caso do movimento estudantil, eu acho lícito, acho democraticamente saudável que as pessoas defendam suas idéias, suas bandeiras. Mas a questão de fato é que o ENADE é utilizado pelo MEC (Ministério da Educação) para a avaliação dos cursos e para decisões fundamentais, como alocação de verbas e também para o credenciamento do curso e a própria manutenção do curso. Quando os alunos boicotam o ENADE, eles colocam em risco a sobrevivência do curso. Então, é preciso notar duas posições muito diferentes daqueles alunos que boicotam: por motivos político-ideológicos, que são justos, e por indiferença, descaso para com a instituição que os acolheu e que lhes oferece uma educação para a vida e uma educação profissional. Eu vejo com muito pesar a situação destes alunos.

EmPautaUFS: Em relação aos cursos de verão, como funcionam?

MRH: Pela primeira vez, nós vamos ter as condições plenas de realizar um curso de verão, que vai dispor de tempo para que o curso seja ministrado com qualidade que se espera de uma instituição de ensino como a UFS é. O semestre de 2010/1 vai iniciar em primeiro de março. A expectativa é de que o curso de verão funcione de quatro de janeiro à quatro de fevereiro e o método é o seguinte: o conselho do departamento avalia a demanda, então os alunos apresentam a demanda. Eles preenchem fichas de requerimento requisitando a disciplina, dando um abaixo assinado dos alunos. Então o conselho avalia se há condições para a oferta ou não da disciplina de verão.

EmPautaUFS: Sobre o fim da exigência do diploma de Jornalismo, o que a senhora tem a dizer àqueles universitários que se sentem desmotivados e para aqueles vestibulandos que se sentem intimidados em fazer o curso por isso?

MRH: Uma questão que deve ficar bem clara é de que trabalhar na área de comunicação social requer habilidades específicas, tanto para escrever para os variados suportes, conhecer o mercado, ter uma noção contextualizada dos processos comunicacionais, como também um conhecimento mais extensivo na parte de ética e de deontologia da comunicação e do jornalismo. Os nossos cursos de comunicação social têm oferecido essa educação e tem formado os estudantes para desempenhar essa atividades, que são complexas. Um elemento fundamental é que a maioria das empresas vão continuar contratando egressos do curso de comunicação social, porque é muito mais fácil para eles contratarem um profissional que já sabe o que fazer do que um indivíduo que terá que aprender na redação. Essa já é uma realidade. É claro que houve uma situação de medo e de insegurança por parte das pessoas que tinham a intenção de se inscrever no vestibular para o curso de jornalismo. Mas, na média, as inscrições para o vestibular continuaram na sua trajetória histórica, inclusive aqui, na Universidade Federal de Sergipe, nós não notamos um diferencial muito grande na concorrência.

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*Agradecimentos a Daniel Nascimento

Um sucesso chamado Soraya Resende

Posted in Perfil by micheletavares on 26/11/2009

 Por Igor Almeida

 “Não me considero a maior especialista em Disney do Estado. O segredo do meu sucesso é a paixão que coloco em cada viagem que organizo”

Quem lê essa declaração pode ter uma pequena noção da simplicidade, objetividade e paixão que Soraya Resende deposita em seu trabalho. Mais que uma empresária bem sucedida, a marca Soraya Resende se tornou a maior referência do estado na formação de grupos turísticos para a Disney, destino bastante procurado pelos jovens e que a mesma já conhece muito bem. Não somente um conhecimento construído em cima das incontáveis vezes que a empresária visitou o complexo em Orlando, na Flórida (EUA), mas também devido aos cursos de especializações feitos no exterior para saber mais sobre a dinâmica de funcionamento do parque e assim proporcionar aos seus clientes o máximo de diversão que o mundo Disney pode oferecer.

  Nascida em Aracaju e filha de pais também centrados no ramo do turismo, Soraya cresceu num mundo onde muitos gostariam de viver, mas que poucos tiveram a oportunidade de estar. Desde os cinco anos de idade ela já viajava com os pais para os mais variados destinos o que lhe proporcionou uma bagagem cultural muito grande, aspecto este constantemente reforçado por ela como fator de extrema importância para se desenvolver um trabalho de qualidade. Não só uma bagagem cultural grande, mas também ter o domínio de, pelo menos, duas outras línguas é essencial para todo aquele que desejar entrar nesse setor. Diante disso, a empresária investiu muito no aprendizado de novos idiomas através de aulas e programas de intercâmbio, atingindo o grau de fluência em inglês, espanhol e italiano.

Vivendo toda a sua infância e adolescência em contato direto com mundo do turismo, não seria estranho se ela optasse por seguir essa carreira, e ela assim o fez. A marca Soraya Resende existe desde 2002, no entanto a empresa é uma continuação da Art Travel, nome antigo da época da

administração dos pais dela e local onde toda essa paixão começou. A marca que hoje leva o seu nome surgiu como um novo direcionamento que a empresária quis dar para os negócios, o que é considerado por ela como um “divisor de águas” na sua gestão. Deixou de trabalhar com venda de passagens e passou a focar no planejamento e estruturação de grupos em viagens internacionais. Hoje em dia, a empresa trabalha com três destinos, que incluem a Disney, a Europa e Bariloche com roteiros voltados para um público jovem (festas, parques, baladas, etc), que constitui 90% dos clientes da agência. No entanto, os pacotes não impõem limites de idade, sendo bastante procurados também por pessoas mais velhas.

Muito atenciosa em todos os detalhes, Soraya não esconde a satisfação em realizar o seu trabalho e revela não ser fácil manter uma agência de viagens funcionando. Muito bem tematizado, até mesmo o escritório da empresária nos convida a um passeio pelo mundo dos desenhos animados e produções Disney com uma decoração de fazer inveja a qualquer criança ou até mesmo qualquer pessoa que goste da magia que há por trás dos personagens, usando bonecos, fotos, bichos de pelúcia, adesivos, etc para compor o cenário da agência.

Paixão, trabalho e sucesso. Esses são os ingredientes que fazem da Soraya Resende uma empresária a parte no mercado sergipano do turismo. È o reconhecimento do seu esforço e competência profissionais para manter o padrão de qualidade do serviço que fez com que ela se tornasse uma referência na área que atua. Sem modéstia alguma, uma mulher especialista no que faz. Soraya esposa, Soraya mãe, Soraya empresária. Um sucesso chamado Soraya Resende.

“Se eu te escondo a verdade, baby, é pra te proteger da solidão”

Posted in Perfil by micheletavares on 26/11/2009
por Manoela Veloso
  

retirado de carva1.wordpress.com

Cazuza era várias personalidades em uma pessoa só, e ele mostrava todas elas. Ou quase todas, pois não chorava na frente de ninguém. Com isso, ele podia ser tão normal quanto eu, como tão peculiar que só podemos entender por partes. Até na música ele mostrou várias caras, começou com o rock, na Barão Vermelho, e terminou em diversos ritmos, na sua carreira solo ele experimentou o quanto pôde.

Era visto sempre sorrindo, até ele mesmo via um ânimo inacabável para fazer qualquer coisa. Da vida dele, como ele disse, o que fica é a grande busca pela felicidade. E, afinal, o que mais importa?

E as estrelas ainda vão nos mostrar
Que o amor não é inviável
Num mundo inacreditável
Dois homens apaixonados

Ele pode ser simplesmente taxado com gay e nunca escondeu sua bissexualidade. Sua visão de prazer dependia muito da inocência. O prazer é resposta da pureza, sobrevivendo somente em corpos livres de preconceitos ou preocupações. Estranhamente, teve sua sexualidade iniciada tarde, se comparado a seus amigos, aos quinze anos, pois via o sexo de forma diferente. Era muito preocupado com o lado romântico da coisa.

Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver

Sua visão da política era bem ingênua e também romântica. Já quis não falar sobre o assunto, mas foi convencido que a maioria da população sabia tanto quanto ele. Assumia-se socialista, defendia que era a única opção para um país do terceiro mundo se desenvolver, mas admitia: “talvez eu seja mais burguês que minhas músicas”.

Você tem que entender
Que eu sou filho único
Que os filhos são seres infelizes
Eu tento mudar
Eu tento provar que me importo
Com os outros
Mas é tudo mentira

“Quando eu tinha 3 anos, meu pai me deu uma bola. Eu a peguei no colo e a ninei como a uma boneca.”Essa foi a primeira decepção que causou ao seu pai. A relação familiar foi muito conflituosa, era filho único, era rock’n’roll, no entanto, uma relação conturbada de amor e ódio, seus pais eram as pessoas que mais amou. “Minha mãe me batia mesmo e não era de mão, não. O primeiro objeto que ela via pela frente atirava em mim. Depois ia chorando no quarto pedir desculpas…”. Seu pai foi um dos últimos a conhecer o talento de Cazuza, talvez tenha sofrido um misto de lamento, surpresa, e até prazer. Seu filho era bom naquilo que fazia.

Quando estiver cantando
Fique em silêncio
Porque o meu canto é a minha solidão
É a minha salvação
Porque o meu canto redime o meu lado mau
Porque o meu canto é o que me mantém vivo
É o que me mantém vivo

“Estou ótimo, segundo todos os meus exames. Mas posso morrer amanhã.” Tinha medo de morrer, às vezes. A doença foi um momento de metamorfose, mudou tanta coisa, os seus depoimentos nos meios de comunicação mostravam essa inconstância. “Quando eu estava no hospital de Boston, pensei muito e acabei descobrindo que ficar calado me deixava ainda mais traumatizado. […] Mostrar aos outros que com AIDS pode-se continuar vivendo, trabalhando, produzindo, me pareceu o caminho mais certo.” Por certo mudou a sua idéia de vida, até lhe deu uma base de felicidade diferente para viver, mudou sua música. “O meu amor agora está perigoso. Mas não faz mal, eu morro, mas morro amando.”

retirado de oglobo.globo.com

Amor sem limites

Posted in Perfil by micheletavares on 26/11/2009

Por Monique Garcez

Apesar de no Brasil algumas famílias serem bastante numerosas por falta de orientação do estado, há uma em especial que é composta de 46 filhos, porém, esses foram concebidos através da adoção. Estou falando da família dos Roberts que começou a se desenvolver há 18 anos, quando uma humilde senhora chamada Etani resolveu aceitar um recém-nascido oferecido por uma operadora de caixa de um super mercado.

Dona Etani além de já ter gerado dez filhos, não achou pouco e resolveu seguir uma carreira que não estava dentro

Dona Etani Foto: Monique Garcez

dos seus primeiros planos de vida, a de mãe adotiva. O seu primeiro filho, Saulo Roberto, que hoje se esforça nos estudos para ser aprovado no vestibular para o curso de medicina, foi o primeiro de muitos que foram acolhidos por ela. Dona de uma história de vida encantadora, Etani já passou por várias situações difíceis, mas nem por isso abaixou a cabeça. Ela possui uma personalidade forte e não se deixa ser abalada por motivo algum. Sempre enfrenta os desafios e corre em busca dos seus direitos.

Em dezembro do ano passado a família foi surpreendida pelo apresentador Luciano do programa Caldeirão do Huck e por sua equipe de trabalho, passando a participar de um quadro de fim de ano chamado “A festa é sua”, onde a família teria a oportunidade de ganhar a reforma da casa, do carro (que era carinhosamente chamado de BMW) e de receber 40.000 mil reais. Mas para que eles pudessem receber todos esses benefícios, o filho Lukas deveria participar do quadro “agora ou nunca” e o resto da criançada deveria formar um coral e se apresentar no palco do programa cantando a música “Emoções” de Roberto e Erasmo Carlos.

Todos se empenharam para conseguir atingir as metas estabelecidas e por conta da dedicação deles, a chácara onde moravam e a kombi foram totalmente reformados, ganhando aspecto de novos. Mas nem sempre a família passou por bons momentos. Houve uma época em que eles moravam em um apartamento e estavam passando por dificuldades, então o dono da construtora Celi, Luciano Barreto, no ano de 2000 concedeu um terreno e financiou a construção de uma casa que abrigasse todos os integrantes da família. Além de contribuir com a doação da moradia, Luciano Barreto ajuda a família todos os meses enviando mantimentos e fornecendo algumas vagas para que os filhos de Dona Etani estudem no Instituto Luciano Barreto Júnior. “Pra mim ele é um pai” afirmou Etani com uma feição de felicidade.

Mas essa senhora de 57 anos aposentada do INSS não é apenas admirada por adotar tantos filhos, ela é responsável também por ajudar pessoas da sua comunidade que passam por problemas familiares, com drogas e bebidas. Além de fornecer apoio moral, ela também oferece alimentação àqueles que chegam a sua porta pedindo um prato de comida. “Eu vivo literalmente a multiplicação dos pães e tem pessoas que tem que ler a Bíblia pra poder ouvir falar dela” relatou D. Etani em uma das várias conversas que tivemos quando visitei a sua casa. Na comunidade onde mora, não há quem não goste dela, e as pessoas que ela ajuda a chamam carinhosamente de mãe, pois é esse o verdadeiro papel exercido por ela quando estende a mão a alguém que necessita.

Apesar dela já ter enfrentado muitas pessoas – desde promotores a médicos –, D. Etani acredita que a vida seja muito fácil e que o segredo pra viver tranquilamente consiste em “dividir o pão, acolher, agasalhar e ouvir, que é uma coisa difícil”. Dentro de casa ela não deixa que nenhum de seus filhos faça uso de nenhum palavrão ou que faça gestos obscenos. Além disso, todas as tarefas da casa são divididas e todos os filhos se comprometem em ajudar nos afazeres, nunca deixando de estudar e de brincar também. “Tem que ter pulso forte. Eu costumo dizer que ser mãe é dizer mais não do que sim”.

Uma característica que observei logo ao entrar na chácara dos Roberts é que havia santos na entrada da casa e da sala. Posteriormente pude comprovar a minha dedução, que ela era uma pessoa religiosa, pois durante alguns momentos de nossas conversas D. Etani afirmou que acredita muito em Deus e que ele sempre fez muito por ela e por sua família. Além de ter bastante fé, ela me revelou que acreditava em reencarnação e que quando não cumprimos tudo que devemos, voltamos novamente pra Terra em outra vida. Porém, ela não gostaria de passar por tudo isso de novo.

Durante o tempo que passei conversando com ela e conhecendo um pouco da rotina de sua família, aprendi muitas lições, porém uma frase que ela disse me chamou bastante a atenção: “Ame o que você vai fazer e você vai fazer diferente”. Diante do que ela disse não pude deixar de refletir e cheguei à conclusão de que há muitos locais que realizam trabalhos como o dela, porém, além da sua casa não se enquadrar como uma instituição, o trabalho que ela realiza é diferente do que é feito pela maioria, pois tudo que ela realiza é feito com muito amor e dedicação e esses aspectos são fundamentais para se obter uma vida fácil como a que D. Etani diz possuir.

Cinema Nacional: Pouco visto, porém de muita qualidade

Posted in Uncategorized by micheletavares on 26/11/2009
Assim é atual situação do cinema nacional: o produto não é de massa, mas de guetos.

Por Danilo Trindade

O cinema nacional já foi uma grande potência internamente. Mas fatores econômicos e políticos, fizeram com o que nosso cinema saísse de cena. E tal saída fez com que grupos de comunicação e governos ditatoriais (1964-1985) aproveitassem para abrir o mercado cinematográfico nacional para o mercado norte-americano. O qual conseguiu enxergar no cinema uma forte lucratividade e além de tudo, vender a sua ideologia.

Ana Ângela Farias Gomes, simplismente apaixonada pela produção audiovisual do Brasil.

E hoje, por causa desse crime cometido pelo governo e meios de comunicações, o cinema Brasileiro paga extremamente caro pela falta de vontade da população em assistir as nossas produções. Mas, além disso, fatores como a distribuição e locais de exibições influenciam bastante. A professora da Universidade Federal de Sergipe, jornalista, estudiosa e apaixonada pelo cinema nacional Ana Ângela Farias Gomes  conversou com Empautaufs sobre o nosso cinema e claro um pouco do seu interesse pela área.

 
 

 Empautaufs: A senhora tem a formação de jornalista. Por que decidiu partir para a vertente do audiovisual?

 Ana Ângela: Na verdade quando entrei para a comunicação eu não tinha claro que iria ser jornalista. Inclusive o curso lá se chamava comunicação social. E eu queria muito trabalhar com cinema. Então são duas coisas assim que andaram na minha vida de forma paralela, uma do lado da outra. Então surgiram várias oportunidades de trabalho interessantes e durante muitos anos investi nisso. Mas durante a faculdade eu produzia vídeo e fazia curso, ganhe concurso. Então que dizer eu tinha movimentação em torno disso.

 Empautaufs: O que te encanta na produção nacional, que a torna não só uma estudiosa do nosso cinema, mas uma apaixonada?

 AA:  Acho que capacidade, verdade. Hoje principalmente depois do que a gente chama de retomada. Retomada do cinema brasileiro em 1993, 1994 o cinema brasileiro resolveu seus problemas tecnológicos. Então havia muitos problemas, os atores eram muito fracos. Mas hoje em dia não, as produções são muito bem feitas, as histórias são muito boas, a mão do diretor, há várias obras muito boas. A gente vive um tempo em que o cinema brasileiro vem ganhando muitos prêmios, mundo a fora.

De modo geral as pessoas continuam ignorando a existência do cinema brasileiro. Infelizmente.

 Empautaufs: Certamente, a produção nacional não vinha sendo tão valorizada pela a população nacional. A senhora atribui a quem, o que dessa mudança?

 AA: Acho que a partir desse período da retomada, com essas leis de incentivo, várias coisas passaram a viabilizar as produções e co-produções internacionais. O  Walter Sales é o tempo inteiro co-produzido por produtores internacionais. Então eu acho que isso. E ai vem, tem muita coisa sendo produzida com qualidade, agora eu dei uma aula a pouco tempo sobre essa questão. E mostrei que é muito pequena a parcela da população que assiste ao cinema e ainda muito menos ao cinema brasileiro. Há uma valorização, mas eu acho que ela ainda é de gueto. Ela está muito no meio universitário e alguns meios. De modo geral as pessoas continuam ignorando a existência do cinema brasileiro. Infelizmente.

 Empautaufs: Assim como a população brasileira está passando a gostar do cinema nacional, a comunidade estrangeira atualmente ver o nosso cinema também com outros olhos?

 AA: Eu não sei porque eu não estou lá fora. (risos) Mas a impressão que eu tenho é que está melhorando, porque como tem muito prêmio lá fora, as pessoas têm muito contato com essas produções de qualidade.   

 Empautaufs: Os nossos primeiros filmes vinham das notícias dos jornais, das adaptações dos livros. Você acha que faltou ousadia e criatividade dos nossos cineastas, que se reduziram ao copiar e colar? Porém garantiram sucessos obviamente, mas também a senhora não acredita que tais sucessos só foram possíveis, por que o cinema era novidade?

 AA: De 20 a 80 muitas águas rolaram por baixo dessa ponte. Então o cinema passou por várias fases. Durante esse tempo, até a década de 70, as pessoas iam ao cinema, porque primeiro iam por razão, a cultura norte-americana ele ainda não era tão forte. Ela começou na década de 60 a partir da chegada da Globo e de vários outras coisas, a própria ditadura ela tinha um papel ambíguo nisso. Os governos militares tinha um papel nacionalista. Mas foram abrindo mercado para os norte-americanos explora aqui, principalmente os meios de comunicação como é o caso da Globo. A gente que a Globo foi criada a partir de um acordo com o grupo Time-life. Então até 70, primeiro não existia essa coisa do cinema americano tão forte, então era possível se valorizar o que era nosso. Outra coisa, não se tinha televisão. Então era a única forma das pessoas verem a imagem em movimento.

As cidades do interior tinham muitas salas de cinema, hoje estão destruídas, pois viraram cine pornô, que viraram igrejas evangélicas, estacionamentos. Então existia todo um apoio.

Chegou a invasão da cultura norte-americana, nessa época os americanos sabiam que o cinema era uma coisa muito lucrativa, não era pouco. Até a década de 70 os ingressos do cinema eram muito barato, não é como hoje, muito mais caro. Então existia todo um contexto a favor do cinema nacional.

Década de 80 foi essa crise horrorosa para o Brasil que se acaba, por conta disso, crise financeira, a entrada da indústria cinematográfica norte-americana com toda força, com todo investimento em dinheiro. Desvalorizando a ideologia daqui. A falta de recurso, até se tinha uma boa idéia, mas não tinha um bom som, bons atores, não tinha um curso para direção de arte, ai ficava produções meio capengas. Então acho que mais ou menos isso explica.

 Empautaufs: O cinema Brasileiro vem se aperfeiçoando por causa da televisão?

 AA: Eu acho que nisso a televisão não ajuda não, no máximo o teatro. Até mesmo que existiam bons atores antes da televisão no cinema. Agora não tantos. Até por uma questão financeira ficava complicado, pagar muitos figurantes e tal.  

Inclusive os atores da televisão que estão no cinema de modo geral, eu acho que eles não rendem. Em geral são essas coisas da Globo filmes que são muito pastelão.

 Empautaufs: A Globo Filmes destrói a imagem do cinema brasileiro?

 AA: Destruir não. Mas a globo filmes é uma estratégia muito clara, que é a de produzir um filme para o cinema, para ser vendido.

 Empautaufs: Então não existe a necessidade…

 AA: Não, já sei o que você quer dizer, ai é que tá. A gente tem que descer o nível para que as pessoas vejam. É o caso da TV pública, a gente tem que colocar um Ratinho, um reality show na TV pública para que as pessoas depois assistam cocoricó? Então não faz sentido. Agora acho que a globo filmes tem coisas legais. Não dá para generalizar.

 Empautaufs: Sabemos que os estrangeiros retratam o Brasil em seus filmes como um país de língua espanhola, país do samba, carnaval, futebol, Amazônia e etc. Só que de forma bastante equivocada. E como o próprio Brasileiro se retrata?

 AA: Eu acho que o Brasil se retrata das formas mais diversas no cinema, por exemplo se retrata muito mal num filme de Xuxa e se retrata muito bem em filmes de Walter Sales. Ai é que tá. Comparando a televisão, a gente consegue no cinema fazer Deus é Brasileiro do jeito que ele é, sem que isso pareça uma coisa triste, deprimente. Só que o Brasil das telenovelas é sempre um Brasil de maquiagem. O Brasil das novelas de Manoel Carlos se reduz ao Leblon.

 Empautaufs: Na década de trinta sugeriu-se ao Brasil copiar Hollywood, isso aconteceu e sucesso. E hoje somos cópias de Hollywood?

 AA: Claro que não. (risos) A não ser nessas porcarias de Xuxa e tudo mais.

 Empautaufs: O cinema novo séria o grande boom do Brasil? E também poderíamos dizer que seria uma unificação do nosso país para o fim dos preconceitos regionais?

 AA: Sim

 Empautaufs: Glauber Rocha foi o cara do nosso cinema? Por quê?

 AA: Sim. Porque ele foi ousado, ele trouxe a crítica ao que vivíamos no país. Não só no conteúdo cinematográfico, mas no formato cinematográfico. Ele queria fazer uma coisa que transgredisse toda atuação de dependência econômica que a gente vivia. Todas aquelas coisas que pudesse mostrar um Brasil diferente do que vinha sendo mostrado.

 Empautaufs: Curta metragem no Brasil é sucesso ou apenas…?

 AA: É o caminho para fazer coisas importantes, eu acho que o problema é que a cena artística do país se reduz, aquilo que faz sucesso presta e aquilo que não faz não é bom. É muito difícil e injusto, pois não têm salas para exibir, pessoas que incentivem.

 Empautaufs: O que a senhora atribui a falta de  incentivo para o Cinema?

 AA: São várias coisas. Mas acima de tudo a um poderio do mercado norte-americano. O filme 2012 chegou aqui com 1000 cópias. E um filme brasileiro é lançado no Brasil inteiro, com 10 cópias, 20 cópias. Porque é muito caro. E quem faz essas cópias é uma empresa norte-americana, quem distribui é uma empresa norte-americana, quem exibe é uma empresa norte-americana.

Os cinemas de porta de rua foram fechados, e aqui em Sergipe quem define o que a gente vai assistir é o cinemark.  Acima de tudo por causa disso.

 Empautaufs: O que falta em Sergipe para produção audiovisual?

 AA: Faltam várias coisas. Falta incentivo, falta capacitação. Esse curso está chegando para ver se ele ajuda a contribuir

 Empautaufs: Algum filme em especial fez com que a senhora virasse uma estudiosa do audiovisual? Qual?

 AA: Não. Eu só gostava de cinema e sempre gostei. E sempre gostei de cinema brasileiro, desde pequena.

 Empautaufs: O melhor filme Brasileiro?

 AA: Têm vários. Mas acho que Abril despedaçado é um grande filme.

 Empautaufs: O pior filme Brasileiro?

 AA: Os da Xuxa. (risos) E também têm vários.

    

Para Lilian, imaginação é a palavra de ordem

Posted in Cultura by micheletavares on 25/11/2009

Por Morgana Brota

Seus livros e roteiros atraem jovens e adultos, mas são especialmente as crianças que mais se encantam com os seus trabalhos. São roupas que falam, pratos da mesa que conversam e tempos verbais que ganham vida. Dessa forma, Lilian como professora, roteirista e escritora consegue transmitir para os seus leitores e telespectadores sua paixão pela Língua Portuguesa.

Natural de Aracaju-SE, Lilian Rocha é pedagoga, radialista e autora de vários projetos educativos, peças teatrais, roteiros para a TV e a quarta dos seis filhos de Maria Noemi Gomes e do escritor Petrônio Gomes, de quem herdou a paixão por escrever.

Lilian Rocha (Foto por Morgana Brota)

Teve sua estréia na literatura em 2004 com o livro infanto-juvenil “Deu a louca no meu Guarda-roupa”, obra que lhe rendeu o prêmio Banese de Literatura e que em 2007 tomou vida nos palcos, sendo adaptada ao teatro.  Desde então ela não parou mais, em 2006 publicou “O bilhete”, livro que conta suas experiências em sala de aula, em 2007 publicou “O chá das oito”, seu segundo livro infanto-juvenil que em 2007 também ganhou uma versão para teatro e em 2008 lançou o seu primeiro livro da coleção Língua Solta, o “Rasgando o Verbo”.

Mãe de cinco filhos, Lilian Rocha, 51 anos, esbanja simpatia e bom humor. Trabalha numa sala decorada com incontáveis lembranças dadas por pessoas que já foram seus alunos ou que simplesmente admiram seus trabalhos.

EmpautaUFS: Você sempre quis escrever um livro?

Lilian Rocha: Eu sempre gostei de escrever, mas nunca pensei em escrever um livro.

EmpautaUFS: E como surgiu a paixão por escrever?

Lilian Rocha: Na minha adolescência eu fui passar umas férias em Salvador. Eu tenho uma prima que mora lá e ela era cheia de amigos. Então ela me apresentou uma grande quantidade de gente. Eu passei um mês e meio lá e foi uma maravilha, mudou minha cabeça completamente. Eu já escrevia muito pra ela, cartas de vinte, trinta, quarenta páginas. Mas eram cartas, uma coisa muito intima, era como se fosse um diário. Naquele tempo não tinha e-mail, o telefone era caro então pra conversar tinha que ser por carta mesmo. Quando eu voltei de Salvador eu comecei a escrever pra todo mundo, porque todo mundo via a nossa correspondência e queria se corresponder também. Daí eu tinha que responder a essa montanha de gente e praticamente todo dia eu estava escrevendo carta. Eu tinha uma estante com tudo catalogado com os nomes dos meus correspondentes. Manter essas correspondências me exigia muito tempo porque as cartas eram grandes e eu não sei escrever pouco. Hoje, olhando pra trás eu vejo que foi maravilhosa essa experiência, talvez tudo que eu sei de português eu pratiquei escrevendo. Toda a minha vontade de escrever nasceu das cartas.

EmpautaUFS: Então o gosto por escrever sempre existiu?

Lilian Rocha: Sempre. Até pra terminar com namorado tinha que ser por carta. Pra mim era mais fácil, eu conseguia me expressar melhor escrevendo.

EmpautaUFS: Você gosta de ler? Quais são os seus autores favoritos?

Lilian Rocha: Eu gosto de ler tanto quanto escrever. Se você entrevistar vários escritores vai ver que cada um tem seu estilo de escrever e esse estilo de escrever foi normalmente fruto de alguma coisa que leu. O meu estilo, por exemplo, de achar que as coisas têm vida são frutos da minha imaginação e de coisas que eu li. Minha cabeça sempre foi muito fantasiosa e eu sempre alimentei muito isso. Além dos contos de fada que me estimularam muito quando criança, autores como Monteiro Lobato também me estimularam muito. Eu adoro Monteiro Lobato, eu acho que ele é o rei da imaginação. Também gosto muito de Maurício de Souza, apesar de ele não fazer livros, só revistinhas. Eu acho que ele é o grande continuador de Monteiro Lobato. E os clássicos: Amo, amo, amo de paixão Machado de Assis, eu sempre disse isso em sala de aula. A partir de um livro que eu li, Dom Casmurro, me apaixonei tremendamente por ele. Pena que ele morreu sem eu ter conhecido, eu ia ficar batendo na porta dele pra conseguir um autografo. (risos). Não são as histórias deles que são diferentes, são histórias comuns, mas ele tem uma maneira incomum de contar. Ele tem um estilo completamente diferente e um português que eu bebo. O português dele é o máximo. Gosto muito de Rubem Braga como educador. Gosto de Luís Fernando Veríssimo em termos de humor e de Fernando Sabino em termos de crônica. Eu não tenho um estilo favorito, eu adoro livro de guerra.

EmpautaUFS: Você pretende se dedicar exclusivamente ao publico infantil?

Lilian Rocha: Não, porque na verdade, eu não tenho um estilo definido de literatura. O primeiro livro nasceu infantil por circunstância, por causa do prêmio Banese. Havia 3 categorias: contos, poemas e literatura infanto-juvenil. Por falta de contos e por não saber escrever poemas, resolvi me inscrever nessa última categoria. Por sorte minha, as crianças gostaram da minha história e eu resolvi fazer mais um nessa linha, ‘O Chá das Oito’. Mas já escrevi outras coisas que não são infantis, como ‘O Bilhete’ e o mais recente, ‘Antes da Escuridão’. Portanto, não tenho um estilo definido, simplesmente gosto de escrever e acredito que meus livros podem ser lidos por qualquer pessoa.

EmpautaUFS: Como surgiu a idéia de escrever o livro “Antes da escuridão”?

Lilian Rocha: Esse livro não nasceu da ideia de escrevê-lo. Tinha voltado do oftalmologista, com notícias nada animadoras e estava muito, muito triste. Quando estou assim, tenho que escrever pra ‘gastar’ minha tristeza. Fui colocando pra fora o que estava sentindo e percebi que, no final, eu já estava bem mais calma. Eu tinha conseguido até fazer graça com minhas desgraças! Isso me animou e eu resolvi fazer uma retrospectiva, em forma de diário, pra contar a ‘trajetória de luta’ do meu olho esquerdo, o grande personagem dessa história e a quem eu dedico esse livro.

EmpautaUFS: Como você divulga seu trabalho? Há dificuldades? Quais são os incentivos?

Lilian Rocha: Essa talvez seja a maior dificuldade de um escritor. Como não tenho uma editora, fica comigo também essa parte de divulgação e distribuição. Coloco meus livros debaixo do braço e vou pessoalmente visitando as escolas. Isso requer tempo, mas vale a pena, pois a receptividade que encontro nas escolas é muito grande.

Nos últimos tempos, também tenho contado com a ajuda valiosa de amigos jornalistas que têm divulgado bastante o meu trabalho. A eles, serei sempre grata.

Foto por Morgana Brota

EmpautaUFS:Quando começa a escrever você sabe mais ou menos qual vai ser o começo, meio e fim ou tudo vai surgindo ao longo da escrita?

Lilian Rocha: Quando escrevo, só tenho um comecinho da história e mais nada. Mas à medida que vou escrevendo, a história vai fluindo naturalmente, como se estivesse pronta e acabada dentro de mim. Muitas vezes, enquanto estou escrevendo, fico rindo sozinha dos meus próprios personagens, como se eles tivessem vida própria, é muito interessante. Por isso que o ato de escrever é um ato solitário. Precisamos estar sozinhos, para ouvir-lhes a voz, ouvir o que eles têm pra nos dizer. Por isso, jamais me sinto só, pois há vários personagens morando dentro de mim.

EmpautaUFS: Quando costuma escrever?

Lilian Rocha: Quando ligo o computador. Como isso acontece todos os dias, então eu escrevo todos os dias. Escrevo quando estou feliz, triste, preocupada, ansiosa, confusa… Escrever, pra mim, é a minha terapia, o meu trabalho e o meu lazer. Tenho necessidade de escrever, tanto quanto tenho de comer ou de dormir. Por isso, sempre encontro uma brechinha dentro da minha falta de tempo.

EmpautaUFS: Já existe um novo projeto?

Lilian Rocha: Sim, estou sempre cheia de projetos. Já estou com outro livro pronto, “A conquista da Oração”, que vai ser lançado no comecinho de dezembro. É o segundo volume da minha coleção paradidática de português, chamada ‘Língua Solta’, mais um projeto contemplado pelo BNB de Cultura.

Já tenho pronto também o terceiro volume dessa coleção que pretendo lançar no próximo ano, mais dois infantis começados e até os primeiros esboços de um futuro romance, quem sabe?

EmpautaUFS: Dos livros que escreveu qual é o favorito?

Lilian Rocha: Eu não saberia dizer. Livros são como filhos, não há um predileto. Cada um ocupa um espaço próprio, representa um momento especial de nossa vida.

Há livros que foram mais trabalhosos, como esses paradidáticos. Muito mais que livros de ficção, eles ensinam português. E pra isso, os diálogos são mais pensados, mais elaborados. Gosto muito deles, da forma divertida que criei pra ensinar português. Mas isso não quer dizer que sejam eles os meus preferidos. Cada um deles tem um pouco de mim.

EmpautaUFS: De onde vem a inspiração para os seus livros?

Lilian Rocha: Do meu dia-a-dia. Normalmente as minhas histórias têm como pano de fundo uma família grande, cheia de irmãos e parentes. Deve ser a influência de minha própria família. Meus pais tiveram 6 filhos, meu marido vem de uma família de 6 filhos, eu e meu irmão mais velho tivemos 5 filhos, enfim, sou cercada por uma família enorme, muito unida, que me enche de orgulho. E numa família grande, tudo acontece, é muito divertido.

EmpautaUFS: Fale um pouco sobre seu programa de TV.

Lilian Rocha: Como tudo na minha vida, também nasceu por acaso. Fui convidada por Marlene Calumby, pra fazer um programa educativo, envolvendo uma repórter, um ator e eu, uma professora. Dessa estranha mistura, nasceu o ‘Palavrear’, que nada mais era do que uma nova versão de um programa que eu fazia na rádio, em 92. Eu escolhia um tema qualquer e contava a história dele, desde a sua origem até os dias de hoje. Na TV, enquanto eu contava a história, o grande e saudoso ator César Macieira, ia representando os personagens, o que tornava o programa muito mais leve e divertido, sem perder, contudo, a característica de cultural.

EmpautaUFS: Como você define a experiência que teve em sala de aula?

Lilian Rocha: Sala de aula foi um laboratório. Eu comecei com escolas primárias e quando eu me formei, fiz o concurso do estado e passei. Como eu não tinha o curso pedagógico eu fui trabalhar na Escola Normal, ou seja, minha formação como pedagoga só me permitia ensinar as futuras professoras. Então eu pulei do primário para o que hoje seria o Ensino Médio. Apesar de eu gostar de crianças a experiência na escola normal foi ótima. Depois disso eu fui pro Atheneu trabalhar com o Ensino Fundamental II. Quando eu estava na Escola Normal eu criei amizade com Marlene, alguém que me incentivou muito e quando ela foi convidada a ser diretora do Atheneu me convidou para dar aulas de português. Minha paixão era dar aulas de português, mas eu não tinha formação em português. Eu sou formada em pedagogia. Então eu estudava para dar aula e fui criando uma intimidade muito grande com Análise Sintática.

EmpautaUFS: Conte um pouco sobre a sua experiência na rádio Aperipê.

Lilian Rocha: Marlene foi convidada para ser superintendente da Aperipê e  me convidou para trabalhar lá também. Era um trabalho totalmente diferente, lá eu passei 4 anos e eu também comecei sem saber nada de rádio. Ela me entregou o setor de produção educativa. Então transformamos a rádio Aperipê numa rádio educativa, como deveria ser. Eu comecei a inventar um bocado de programas. Já existiam programas na rádio, mas eram só de músicas. Os locutores ficavam falando, mandando abraço… (risos) Então eu comecei a colocar informação, cultura, dicas de saúde e um monte de coisa. Depois criei meu próprio programa. O tempo que eu passei lá foi profissionalmente excelente, desenvolveu muito minha criatividade. O rádio assim como a sala de aula também foi pra mim um grande laboratório. Mas na sala de aula acontece uma coisa interessante, na rádio a gente faz o programa, mas nunca pode medir a quantidade de pessoas que estão ouvindo, na sala de aula o público é presente. O resultado é imediato então tudo que você ensina percebe na hora se eles aprendem, a sintonia é imediata. Na rádio você acha que as pessoas estão ouvindo, mas não tem certeza de nada. Mesmo o IBOPE não tem como medir, o que ele oferece é uma amostragem o real não consegue.

Economia da Cultura e participatividade: As políticas culturais no Brasil, em Sergipe e Aracaju

Posted in Cultura, Política by micheletavares on 25/11/2009

 

 

Analisados distintamente, os termos Política e Cultura garantem muito assunto em qualquer roda de bate-papo. Política é, objetivamente, a atuação da administração pública para manutenção e o desenvolvimento social da coletividade. Cultura, como define Martin Cézar Feijó no livro “O que é política cultural”, é “toda a produção ou manifestação voluntária, individual ou coletiva, que vise com sua comunicação à ampliação do conhecimento através de uma elaboração artística, de um pensamento ou de uma pesquisa científica”. Abordaremos aqui os novos rumos e tendências das políticas culturais no Brasil e em Sergipe e como elas podem ajudar a população também nos aspectos sociais e econômicos.

texto e fotos por André Teixeira

Quem faz as políticas culturais?

Nos últimos anos as políticas culturais estaduais e municipais cada vez mais vem sendo desenvolvidas em parceria com o Governo Federal, cujo objetivo principal é formatar as regras para a participação da sociedade civil, como as Organizações Não Governamentais (ONG‘s), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP‘s) e demais organismos do terceiro setor. Essa parceria é uma característica da política de orçamento participativo, onde “retira-se poder de uma elite burocrática repassando-o diretamente para a sociedade”, ajuda a definir quais as melhores formas de investir o dinheiro público.

Outro objetivo pretendido é o de ajudar a população a encontrar autonomia financeira sustentável, potencializando o desenvolvimento econômico e social dos municípios e estados, e, por conseguinte, fortalecendo também a atividade econômica do país. Tem sido papel do governo ‘dar norte’ aos que pretendem se embrenhar na seara para desenvolver idéias e projetos que ajudem a promover a diversidade e o acesso aos bens culturais. De maneira geral isso fortalece a auto-estima das populações e ajuda a diminuir os índices de desigualdades sociais.


No Brasil

Com a criação do Ministério da Cultura em 15 de março de 85 pelo Decreto 91.144, o Governo brasileiro reconhecia a importância da autonomia do setor cultural, que até então tratada em conjunto com a educação. Em 1990, por meio da Lei 8.028, de 12 de abril daquele ano, o Ministério foi transformado em Secretaria da Cultura, diretamente vinculada à Presidência da República, situação revertida pouco mais de dois anos depois, pela Lei 8.490, de 19 de novembro de 1992.


Desde então passou por uma série de transformações, tendo sido sua estrutura reorganizada em vários momentos. A última entrou em vigor este ano, com a publicação do Decreto nº 6.835, de 30 de abril de 2009, que versa sobre a estrutura regimental do MinC.

As diversas ações políticas no Brasil tem se alinhado, desde o Governo de Fernando Henrique Cardoso, a algumas diretrizes acordadas com organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), entre outros. O governo Lula dá continuidade a esses acordos para aumentar os índices de desenvolvimento (social, econômico, educacional, etc) e fomentar a sustentabilidade como forma de garantir a participação da população economicamente ativa no mercado de trabalho, respeitando sua formação profissional, as questões ambientais e as tradições e raízes culturais, de forma a garantir uma melhor distribuição de renda. Aliar empreendedorismo à preservação das tradições culturais visando a sustentabilidade é uma das metas do Governo Federal brasileiro, o que reflete nas esferas estaduais e municipais.


Em Sergipe: Economia daCultura aliada ao desenvolvimento sustentável

A secretária de Estado de Planejamento, Lúcia Falcon, falando sobre o Plano de Desenvolvimento Territorial Participativo (PDTP), que orienta as políticas públicas em todas as áreas, em entrevista concedida ao Jornal da Cidade afirma que o Plano pretende, entre outras, um mudança significativa: “uma mudança de cultura, em que a responsabilidade pelo futuro do Estado seja partilhada por todos os sergipanos, cada qual atuando segundo seu papel social, seja governo do Estado, do município, investidor privado, ONG’s, Universidade, etc. […] e utilizar as mais modernas técnicas de planejamento econômico visando crescimento econômico sustentável”. Essa fala foi em 2007, dias após a implantação do PDTP.

A Secretária de Estado da Cultura, Eloísa Galdino, dá continuidade a alguns projetos da gestão anterior e apresenta novos conceitos e ações para a pasta da Cultura. Diferencia inicialmente cultura e política cultural. Explica: “a cultura é um conjunto de referências simbólicas que caracterizam as sociedades, formam identidades e influenciam os nossos fazeres nas mais diferentes áreas. E Política Cultural é, basicamente, “trabalhar pela preservação dos nossos acervos material e imaterial, por nossa memória e por nossa história. Seguindo uma tendência internacional, passamos a tratar a cultura para além das suas dimensões estética , moral e sociológica, e passamos a trabalhar a cultura também em sua dimensão econômica e produtiva.

Hoje o debate sobre a política cultural é outro: a adaptabilidade da produção cultural aos novos formatos e linguagens, ampliando a visibilidade sobre o que é feito e incorporando os novos saberes da sociedade informacional”. Afirma a secretária que “esse percurso trouxe, também, o entendimento da cultura como um dos setores economicamente dinâmicos e ativos da nossa sociedade”.

Economia da Cultura é o que norteia as ações das políticas culturais em Sergipe, informa Eloísa Galdino. “Trata do entendimento de que a cultura também produz negócios, movimenta a economia, gera emprego e renda e pode, portanto, ser encarada como um vetor do desenvolvimento sustentável das mais variadas sociedades. A cultura é um setor da economia que pode e deve contribuir para a inclusão social e para o avanço da sociedade da informação. É um setor estratégico para o desenvolvimento econômico e social. É por isso que estamos pegando régua e compasso para desenhar o nosso projeto de Economia da Cultura, assumindo, enquanto Governo, o papel de articulação, fomento e regulação da política estadual de cultura”.

Continua a secretária: “Queremos plantar a semente de um movimento cultural autônomo, com conexões claras e legitimas com o setor produtivo, seja através dos incentivos fiscais, seja através do apoio ao empreendedorismo”. Diz ainda que “é longo o caminho a trilhar em busca da consolidação de uma nova política cultural. Ela não é pra já, mas precisamos começar. […] A ideia é fazer das nossas cidades-patrimônio modelos de desenvolvimento a partir da cultura, estimulando a preservação do seu acervo pela própria comunidade que habita nessas cidades”.


Arremata afirmando que o governo estadual “está em total sintonia com os princípios que norteiam a política cultural desenvolvida pelo Ministério da Cultura. […] É uma visão que busca trabalhar uma ampla cadeia produtiva, que vá do brincante ao empresário, todos articulados, movimentando a cidade, fazendo circular produtos, idéias e dinheiro. E o mais importante: todos juntos preservando nosso patrimônio, nossa identidade e nossos valores culturais, porque toda essa riqueza estará produzindo emprego, renda, inclusão, e, principalmente, cidadania.

As falas da Secretária Eloísa Galdino foram retiradas do texto “Economia da Cultura – um dos focos da política cultural sergipana”, publicado no site DIVIRTA-SE, da Secretaria Estadual de Cultura (SECULT), e de seu pronunciamento na  abertura da II Conferência Municipal de Cultura de Aracaju.

Os Editais: ferramenta de regulação da aplicação do dinheiro público

Através dos Editais, fomentados por todas as esferas da administração pública, o dinheiro destinado à cultura tem sido canalizado de forma a exigir maior elaboração técnica e maior transparência do uso. O Estado tem feito diversas oficinas de capacitação dos artistas e dos produtores culturais a melhor formatar projetos. “Não adianta você ter uma idéia maravilhosa, que vai mudar a realidade de sua comunidade, se não tiver elementos técnicos elencando todas as etapas e procedimentos de realização do mesmo. Vai chegar nas Secretarias e Ministérios e vai voltar!”, diz Walter Chou, consultor de projetos, ex-diretor da Sociedade Semear.

A cantora Patrícia Polayne, contemplada junto com a dupla Antônio Rogério e Chiko Queiroga no projeto Pixinguinha, da FUNARTE, lança o disco ‘Circo Singular’. Disse que “é muito importante esse prêmio, pois além de destacar meu nome e o de Sergipe no cenário nacional, fará com que fique mais conhecida ainda no cenário sergipano, pois o projeto prevê a circulação do show pelo interior do estado”. O primeiro show será debaixo da lona do circo Estoril, e segue com shows nos Campi São Cristóvão e Laranjeiras da UFS, entre 25 e 29 de novembro.

A diretora do SINDISMA, sindicato que atende os servidores municipais de Maruim, Gal. Maynard e Rosário do Catete, Ana Maria do Nascimento, que teve o projeto Feira Digital aprovado (“Ainda com restrições!”) no Edital de Pontos de Cultura, diz que o projeto dos Pontos de Cultura “veio para ajudar a melhorar toda a comunidade, pois apesar de ser destinada aos que atuam nas áreas culturais, o que vai ser gerado em novos saberes ajudará a melhorar os produtos culturais construídos nos três municípios, e vai ajudar também a incrementar a economia local, pois o dinheiro gerado desses produtos vai melhorar as vendas do nosso comércio”.Esse edital contemplará Sergipe com 30 novos pontos de cultura. Dos projetos apresentados, apenas 17 proponentes foram selecionados. Outro edital será aberto para contemplar as 13 vagas ainda pendentes”, informa Silvane Azevedo, da SECULT, coordenadora dos pontos de cultura no estado de Sergipe.

Rubens Carvalho, coordenador técnico do projeto Coco do Amanhã, também aprovado no Edital dos Pontos de Cultura, fala que “é fundamental para dar continuidade à tradição musical da comunidade de Areia Branca (Mosqueiro). A nova geração tem a possibilidade de dar continuidade à tradição dos seus antepassados e de repassar à toda a comunidade os valores e tradições culturais oriundas do samba de coco, de origem afro-descendente”.

Então, cada vez mais o poder está nas mãos do povo?

Como mediador dessa função, o Estado encontra uma séria dificuldade, uma verdadeira pedra no caminho das políticas culturais: o despreparo técnico para participar do democrático ainda-que-muito-burocrático processo da participação nos editais públicos. O poder está nas mãos do povo, que muitas

vezes não sabe o que fazer com ele. Mas isso também está mudando. O Estado, através de suas Regionais do MinC, há alguns anos promover palestras, cursos, vídeo conferências, workshops, etc, no sentido de municiar com ferramentas técnicas os diversos atores sociais envolvidos nos processos culturais e artísticos.

Enquanto isso, em Aracaju…

A prefeitura, através da FUNCAJU, Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esportes, tem estado presente na promoção do acesso aos bens culturais. Projetos como o Freguesia e o recém criado Sexta no Beco, onde foi revitalizado pela Prefeitura de Aracaju o Beco dos Cocos, localizado entre a Praça General Valadão e os mercados centrais, que contará com apresentações artísticas e culturais todas as sextas-feiras. É uma iniciativa do grupo ‘Coletivo do Beco’, formado por artistas, agentes culturais,

Alisson Couto no Beco dos Cocos.

grupos folclóricos, profissionais da música, do circo e do audiovisual, coordenados pelo diretor cultural da Funcaju, Alisson Couto, que também nos informou sobre a II Conferência Municipal de Cultura deAracaju, realizada no Parque da Sementeira no final de outubro, que teve a participação da Secretária Eloísa Galdino e dos representantes regional e nacional do MinC. Com o tema ‘Cultura, diversidade,cidadania e desenvolvimento’, na conferência “discutiu-se a conjuntura da área cultural aracajuana e propô-se diretrizes para a formulação de políticas públicas que irão compor o Plano Municipal de Cultura, através do debate entre o município e a sociedade civil. Uma grande mobilização nacional está acontecendo e Aracaju não está ausente neste processo. Ressalta ainda que a realização da Conferência segue uma orientação do regimento interno da Conferência Nacional de Cultura. A Conferência Estadual de Cultura acontecerá dias 3 e 4 de dezembro como fase preparatória para a II Conferência Nacional de Cultura, a ser realizada em março de 2010, em Brasília.

Em tempo: anunciado hoje, 25 de novembro, as atrações da terceira edição do projeto Verão Sergipe, que tem como objetivo “fomentar a cultura e consolidar os locais que recebem o projeto como pontos turísticos do estado”. Aliado ao Encontro Cultural de Laranjeiras e ao Projeto Verão, ampliam ainda mais o calendário de eventos culturais do nosso estado.

Referências bibliográficas:

FALCÓN, L. Tudo começa no município; 3 e 4 de junho de 2007. Jornal da Cidade, pg. 3. Entrevista concedida a Max Augusto

FEIJÓ, Martin Cézar. O que é política cultural, Editora Brasiliense, Brasília, 1991.

GALDINO, E. Economia da cultura – um dos focos da política cultural sergipana. Divirta-se, Aracaju, 2009 <http://www.divirta.se.gov.br/interativo/economia-da-cultura> Acessado em 21.11.2009.

 

Site consultado:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Or%C3%A7amento_participativo


Religião e Universidade convivem há muito tempo

Posted in Educação, Reflexão, Uncategorized by micheletavares on 25/11/2009

“Fé e razão não são excludentes”. “Religião na universidade não dá, cada uma tem seu lugar”. “O antagonismo entre fé e razão é uma falácia”. Estas são as falas de três pessoas que vivem diariamente essa relação entre religião e universidade.

por Eloy Vieira

Essa discussão não é recente, começou na primeira universidade do mundo, a Universidade Al-Azhar, no Cairo, fundada em 998 d.C. O califa queria instruir os jovens da mesquita centrando-se no ensino da Teologia a fim de instruir os jovens para que pudessem resolver os recorrentes problemas entre a ciência e a religião. Poucos séculos depois surge as primeiras universidades européias, muitas ainda vinculadas a grupos religiosos, sobretudo à Igreja Católica, ainda sim, a questão entre religião e a ciência continuava pendente. De lá pra cá, não mudou tanto, apesar da laicização de vários países, ainda surgem instituições de ensino vinculadas a diversas religiões, como também surgem grupos religiosos dentro do ambiente acadêmico.

Somos mais uma voz na universidade

Thiago Roozevelt, estudante de Administração e membro da ABU. Foto: Eloy Vieira

Em várias universidades do mundo é possível notar a atuação da Aliança Bíblica Universitária (ABU), ela já está presente em mais de 100 países e visa difundir os evangelhos dentre os estudantes: “Nós somos um movimento estudantil que leva a palavra de Deus. Somos mais uma voz na universidade, que, afinal, é democrática”, defende Thiago Roozevelt. Ele, estudante de Administração, ainda acrescenta que nunca sofreu preconceito no âmbito acadêmico, mas reconhece o que ele mesmo chamou de ‘cientificismo’. “Não entendo essa rivalidade, há fé na razão… fé e razão não são excludentes, não precisa haver esse cientificismo tão presente na universidade”, defende.

Se quer rezar, vá rezar… fora da universidade!

Marcelo Primo, professor de Filosofia. Foto: Arquivo pessoal

Diferentemente do jovem estudante, o também jovem e professor de filosofia, Marcelo Primo é taxativo: “Fé e razão são coisas diferentes, cada uma tem seu lugar. Se quer rezar, vá rezar… fora da universidade!” Essa frase era recorrente em suas aulas, alegam alguns alunos, que, por muitas vezes ficavam atônitos com a ação do professor. Mas esta reação não é surpreendente, pois, segundo pesquisa feita com jovens de 21 países pela instituição alemã Bertelsmann Stiftung, os jovens brasileiros, de faixa etária entre 18 e 29 anos, estão em 3º lugar no ranking de religiosidade. A pesquisa constatou que 95% dos jovens do Brasil dizem ser religiosos; 65% definem-se “profundamente religiosos” e apenas 4% afirmam não possuir religião.

Para ajudar a compreender essas estatísticas, o professor Rodorval Carvalho, chefe do Departamento de Ciências Sociais na Universidade Federal de Sergipe e membro do Grupo de Ciências da Religião na mesma universidade. “Esses números expressam bem o equívoco de algumas teorias sociais que afirmam (ou afirmavam) o fim do sagrado, a falência das religiões. O que está acontecendo com o fenômeno religioso é o que acontece com todo e qualquer fenômeno social, mudanças”; esclarece. E é compreender essas mudanças é um dos propósitos do Grupo de Ciências da Religião. “O fenômeno religioso é também um fenômeno social e, sendo assim pode ser apreendido, pelo menos em parte, pelos métodos científicos e filosóficos. As abordagens são muitas, desde a história comparada das religiões até a fenomenologia religiosa, passando pelas etnografias”, argumenta o professor. Ele ainda acrescenta que o grupo se tornou importante a partir do momento em que tentou estabelecer um novo campo disciplinar, tanto na graduação como na pós-graduação.

Apesar de cientista e pesquisador, o professor Rodorval é sintético ao discordar de seu colega de profissão: “O antagonismo entre fé e razão é uma falácia repetida por muita gente até os dias de hoje. São formas distintas de conhecimento, cada uma com seu âmbito de ação, mas com possibilidades de diálogos profundos”, argumentou quando questionado sobre a convivência entre Fé e Razão. E ainda fez questão de destacar o papel da religião na produção científica ocidental: “Veja, por exemplo, o caso da Igreja Católica. Não há na história do Ocidente uma instituição que mais tenha contribuído para avanço das ciências; seja através da ação dos seus sacerdotes ou pelos seus princípios teológicos”. Além de antiga, a polêmica religião-ciência (Fé-Razão), é pertinente, sobretudo num país como o Brasil, o maior país católico do mundo, E este assunto deve seguir assim, instigando a mente humana a resolver seus conflitos mais primários.

Saiba mais:

Livro: “Iglesia y Ciencia ao largo da la história” de Francesc Nicolau Pous

Livro: “Como a Igreja Católica construiu a civilização Ocidental” de Thomas Woods Jr.

Blog: http://gpcrufs.blogspot.com/

Site: http://www.abub.org.br/