Técnica de Produção, Reportagem e Redação Jornalística

Shabát Shalôm

Posted in Cultura, Música by micheletavares on 19/12/2010

literato, professor da Unicamp, e expoente de uma nova geração que vem mudando a música cristã no Brasil.

 

Por Edson Costa

momentos de lg (Arte: Edson Costa)

________leonardo _________ gonçalves, ou, como ele mesmo se resume, lg, é pernambucano, nascido no dia 07/  /1979, crescido na alemanha, e atual residente da cidade de são paulo.assim, sem revelar seu primeiro nome e sobrenome, sem dizer o mês do seu aniversário, e sem grafar uma única letra maiúscula,  ele vem produzindo textos que se tornam referência, e músicas com poderes de modificar toda a concepção do que se compreende como música gospel, ou como ele mesmo prefere chamar, música cristã contemporânea.

irmão mais novo de andré e márcio, necessariamente nessa ordem, ele cresceu na alemanha em companhia da mãe, telma, e do padrasto carinhosamente chamado de pa. aos 15 anos de idade, retornou ao brasil, para estudar e formar-se no instituto adventista de são paulo (iasp). curiosamente, até então jamais havia cantado, e pouco lembrava do português, mesmo tendo as famílias paterna e materna no brasil repletas de músicos. seu tio, wilians costa jr., ou somente tio willy, é maestro e o mais importante comunicador da Igreja Adventista do Sétimo Dia no brasil, da qual lg também faz parte.

tendo relembrado o idioma, e criado um vínculo perpétuo com a música, lançou os cd’s “poemas e canções”, no ano de 2002, e “viver e cantar”, no ano de 2007, pela gravadora novo tempo. seu estilo de compor e cantar já começou chamando a atenção e quebrando paradigmas. dono de uma voz firme, ele entoa mais notas do que achar-se-ia na música num primeiro momento: são os melismas, muito comuns na música negra americana, nos quais ele exprime suas muitas técnicas de canto. por gozar de uma ampla tessitura vocal, ele pode dar notas de primeiro tenor mesmo sendo barítono. inclusive, sua marca registrada são as complexas harmonias que faz consigo mesmo: estudando-se as quatro vozes masculinas que formarão a música, ele grava todas elas, mixa, e chega a um nível de qualidade pouco visto.

sendo assumidamente eclético, o próprio lg diz crer que seus cd’s não possuem muita coesão entre as músicas. nos coros acapella em que faz todas as vozes, chega a fazer menção a linhas eruditas, como o canto gregoriano. além disso já gravou músicas com assuntos de jazz, blues, bossa nova, quarteto de cordas, e um “quase rock”; sempre com arranjos ousados, e inclusive com duas melodias se contrapondo na mesma música. até mesmo o vocal de contracanto que não é feito por seus heterônimos, é arranjado e ensaiado por ele. não se atendo a apenas cantar, lg sempre produz os próprios discos, com a ajuda de seu tio willy, e o contributo artístico dos demais familiares e amigos. durante a ceia de natal da família, em 2006, ele e o tio analisavam os arranjos do ainda vindouro disco “viver e cantar”; sua prima laura, que também é cantora profissional, debocha de ambos por não mudarem de assunto: “olha eles. ‘os cellos no segundo compasso estão respirando, que absurdo!’, é o tipo de comentário”.

em oito anos de carreira, e apenas dois discos, ele conseguiu ir além da barreira de sua denominação, e tornar-se popular entre os adeptos de várias vertentes cristãs. mesmo sem fazer nada sequer parecido com música pop, lg arrebatou milhões de fãs jovens e vendeu inúmeras cópias de seus cd’s. sendo ele um descendente de judeus, frequenta o templo nova semente: uma comunidade judaico-adventista de são paulo. ambas as crenças professam o Sábado como dia santo e, como em sua igreja grande parte da liturgia é feita em hebraico, ao chegar o sétimo dia ele deseja um feliz Sábado dizendo “Shabát Shalôm”. até o nome de Deus é escrito por ele segundo a tradição judaica, substituindo as vogais por um hífen: D-s.

“todo trecho de música sem letra é uma oportunidade que se perde de dizer alguma coisa”, afirma lg em intimista depoimento. toda letra por ele composta é sempre rica em teologia. sem discutir o que é ou não verdadeiro, pois isso depende da fé (ou falta de) que cada um possui, ele sempre fundamenta suas canções em textos bíblicos. mesmo sendo um literato, fluente em outros idiomas, afirma ele que a língua portuguesa tem mais “sabor” para compor. no ano de 2009, casou-se com a também cantora cristã daniela araújo. seu tom sempre conota muito embasamento e firmeza na fé que professa, tal qual é feito em toda geração de cantores que o cercam: cada um em seu dogma, cantam com muita qualidade técnica, ampla visão empresarial, e imagem bem estudada. porém lg tem atuação moderada na internet através de blogs e redes sociais, e é muito econômico nas fotos, até mesmo para seus cd’s. formais ou não, suas roupas são sempre simples; passou dez anos sem comprar um terno novo.

no ano de 2010, a gravadora sony music lançou no brasil um departamento de música cristã contemporânea, levando para si importantes nomes dessa geração. junto com eles foi lg, mas seu estilo musical rebuscado, e seu estilo pessoal reservado, permanecem os mesmos. e ainda assim, sua popularidade e vendagem de discos está ainda maior. seu primeiro trabalho pela nova gravadora foi o terceiro cd de sua carreira, intitulado “Avinu Malkenu” (nosso D-s, nosso Rei), com um repertório inteiramente em hebraico. tal projeto vinha sendo produzido a seis anos, com a ajuda de seu rosh (pastor em hebraico), e amigo edson nunes. “antes de ser pastor sou amigo do leo, é uma honra trabalhar com ele ”, afirma edson. lg diz crer na possibilidade de um diálogo mais amplo e saudável entre cristianismo e judaísmo; para tal, utiliza suas músicas que tem demonstrado um grande alcance.

sem uma rotina de grandes shows; sem fotos ou grande exposição na mídia; sem nem mesmo revelar o nome completo e o aniversário; com músicas de enorme qualidade técnica e letras de complexa sintaxe/semântica poética; com muitos fãs e cópias vendidas; com um discurso em hebraico, mas que aparenta ser compreendido; com apenas 31 anos. esse é leonardo gonçalves, professor, cantor, desafiante das regras do mercado fonográfico. no próximo ano está previsto o lançamento de seu quarto álbum, também pela sony, mas no bom, velho e saboroso português relembrado aos 15 anos de idade. mas, até lá, “Avinu Malkenu” promete render mais boas críticas. sem delongas desnecessárias, que não fazem seu gênero, bato o ponto final. Shalôm!

 

GABRIEL, um bebê vencedor, um adolescente rebelde

Posted in Perfil by micheletavares on 18/12/2010

Na madrugada de uma quarta-feira de Cinzas nascia Gabriel Contino, prematuro, desenganado pelos médicos.  A idéia do nome surgiu depois que a mãe leu o livro Cem Anos de Solidão, do colombiano Gabriel García Marquez, no período em que esteve internada no hospital com risco de perder o bebê. Ela se encantou com o autor e resolveu dar ao filho o mesmo nome. E assim foi feito. Como já era previsto, o pequeno Gabriel veio ao mundo com uma série de problemas de saúde e foi direto para UTI neo-natal. Só um milagre para fazer com que aquela pequena criança sobrevivesse, sua expectativa de vida era quase nula. Passou duas semanas na incubadora respirando com a ajuda de aparelhos. Tremia muito e mexia involuntariamente os braços. Para os médicos deveria ser um tumor no cérebro, um edema. Uma equipe especializada em prematuros com problemas neurológicos foi chamada e o que diziam era que se ele não morresse iria ter problemas por toda a vida.  

Mas o garotinho resistiu! Recebeu alta. Foi para casa, onde continuou o tratamento. Era o próprio pai, um médico residente quem lhe aplicava as injeções de sulfato de magnésio para diminuir os tiques nervosos. Gabriel tinha apenas 2kg. Aos três meses foi operado de hérnia.Os pais do pequeno não agüentaram a barra e se  separaram quando Gabriel completou seis meses de vida. Aos poucos o frágil bebezinho foi melhorando, ganhando peso.Gabriel  deu a volta por cima, começou a engatinhar, a falar as primeiras palavras. Cada desenvolvimento do pequeno era uma conquista para a família. Gabriel andou e cresceu saudável.

Muitas ‘histórias’ marcaram a vida deste pequeno. Gabriel mudou de escola várias vezes, como também de casa e de padrastos. O tempo com a mãe era curto, ela trabalhava demais. Nos dias de folga do pai eles não se desgrudavam. As brigas com o irmão materno eram freqüentes. Os ciúmes dos irmãos paternos, uma constante. A adolescência abriu então as portas para a rebeldia, uma forma de sarar ou esquecer esses conflitos. Nessa época era Pixote, conhecido assim pelos amigos. Numa escola “liberal”, aprendeu coisas erradas e a fazer música. Escreveu  rock, com letra e melodia, uma  delas relatava o episódio em que foi pego por um segurança furtando uma caixa de giz de cera durante o recreio (na escola liberal os alunos podiam sair para fazer o que bem entendessem).

Na adolescência começou a se mostrar… Aos doze pichava e tinha outro apelido, agora o chamavam de “Pequeno”. Começou a surfar, andar de skate no half-pipe do morro e de bicicleta.

A música estava sempre presente em sua vida. MPB, samba, pagode, rap, funk, hip hop.  Ouvia de tudo. Adorava o rock nacional dos anos 80. De presente gostava de ganhar revistinhas em quadrinhos e discos. Adorava escrever. No colégio desenhava e fazia suas próprias versões para letras de músicas que ouvia. E assim foi, e o garoto cresceu. Hoje dedica a vida a fazer aquilo de que mais gosta: música. Mais uma vez mudou de nome, e até hoje, é o que permanece.  Desde  1992,  com a censura da música Tô Feliz (matei o presidente) Já são sete cds gravados, um DVD, mais de 2 milhões de cópias vendidas e dois livros publicados. “Loura-burra” e “234-5678” foram suas músicas de maior sucesso. Hoje, na rua, no trabalho, no Brasil e no mundo ele é conhecido por todos como Gabriel, o pensador.

“Pessoa pensante e artista falante” Gabriel pensa e diz, ao contrário dos que pensam e produzem ruído. Já era uma raridade musical, agora é uma raridade literária”. Luiz Fernando Veríssimo

Sexo, drogas e rock’n’roll

Posted in Perfil by micheletavares on 17/12/2010

A história musical de Paulo Ricardo, ex líder da banda RPM


Por Roseli Nunes


O cantor, compositor, ator e jornalista diplomado Paulo Ricardo, levou ao delírio milhares de fãs durante a década de 80, quando então era vocalista do grupo de rock RPM. Passou por uma fase crítica, enfrentou o esquecimento e as drogas. Recuperado, voltou ao cenário musical cantando baladas românticas, o que a crítica considera como sendo a fase “brega” do cantor, que agora remota às paradas de sucesso com canções do pop rock.

Paulo Ricardo Oliveira Nery de Medeiros nasceu no dia 23 de setembro de 1962, no Rio de Janeiro. Hoje, com 48 anos de idade, o cantor ainda é lembrado por toda uma geração como sendo o sexy símbol” dono do famoso olhar 43, que passou a ser sinônimo de sensualidade.

Eu preguei
Revoluções
E coloquei
Nas canções

Toda a raiva
E a frustação
De quem rasgam
O coração

(Canções, Revoluções. Composição: Paulo Ricardo)

No auge do sucesso, nos anos 80, o cantor afirmou que os integrantes do RPM fumavam maconha, bebiam e cheiravam cocaína diariamente. “Era uma coisa que estava incorporada a nossa rotina. Chegamos a consumir coca sobre um disco de platina que ganhamos”, declarou Paulo Ricardo em entrevista a um programa de TV, no qual disse ainda ter parado com as drogas em 1995.

Depois de todo o sucesso com o RPM, Paulo Ricardo teve uma fase na qual começou a usar paletó, cabelo curto e até casaco de pele. Foi o período “brega/romântico” que durou três anos e o projetaram para a América Latina com

músicas melosas e regravações do cantor Roberto Carlos. Foi neste mesmo período que Paulo Ricardo arriscou-se na telenovela Esperança e emplacou duas musicas em trilhas sonoras de folhetins exibidos em rede nacional.

O sucesso com o novo público e as poucas críticas positivas não foram suficientes para manter o cantor no novo estilo musical. Paulo Ricardo cria em 2004, o PR.5, banda com uma proposta ligada às questões sociais. A nova empreitada durou pouco tempo. Depois da regravação de “Imagine”, o cantor decidiu que já tinha feito tudo o que queria e decidiu voltar para o rock.  Inovador e sem medo de encarar novos desafios, Paulo Ricardo não dispensou o primeiro convite para atuar como ator e mostrou-se seguro e motivado para aceitar outros, caso eles surjam convites. Na verdade, o cantor de voz rouca e olhar marcante, destacou-se sempre na área musical, e sua carreira como ator parece mesmo limitar-se às pequenas e raras participações.

Após emplacar a música Vida Real, que se tornou tema de abertura do BBB, Paulo Ricardo parece voltar ao cenário musical como astro do pop rock brasileiro recebendo um prêmio da DreamWorks, como melhor performance vocal internacional na tradução do filme Spirit – Corcel Indomável.

Paulo Ricardo é um dos poucos artistas brasileiros que atacam bem em diversas mídias. A prova de que se trata de um homem de várias e bem sucedidas versões vem em números: o RPM vendeu até hoje mais de cinco milhões de discos. Em 1997, quando já seguia em sua carreira-solo, Paulo conseguiu ser o mais tocado em todas as rádios paulistanas com a música “Dois”, que saiu no disco “O Amor me Escolheu”. Como jornalista, escreve eventuais crônicas e artigos para a Folha de São Paulo. Além de tudo isso, encontra tempo para agenciar sua própria carreira.

Longe das drogas há mais de 10 anos, o bonitão dono do eterno “olhar 43” fez as pazes com os ex integrantes do RPM e colocou fim no processo judicial que os envolvia à vários anos na justiça. Atualmente, aquele ex-roqueiro de vinte e poucos anos que na década de 80 foi febre em toda a nação, fazendo as mocinhas gritarem “revolução”, contenta-se em ser lembrado como parte da história do rock nacional, e declara não sentir saudades dos tempos áureos da carreira quando, a falta de maturidade para lidar com a fama e o consumo de drogas, falaram mais alto do que as perspectivas promissoras do futuro.

ASTRA, luta constante pela igualdade de direitos.

Posted in Comunidade e extensão, Entrevista by micheletavares on 17/12/2010
 
por ELA LEÃO

De 16 a 19 de novembro de 2010, aconteceu, em Aracaju – Se, o XVII ENCONTRO NACIONAL DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS. O tema do encontro foi: “A conquista da cidadania pelo fim da transfobia”.  Ainda que a constituição brasileira em seu artigo 5º garanta que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”, a realidade é bem diferente: gays não podem casar; não são reconhecidos como entidade familiar, mas sim como sócios; não podem incluir parceiros em planos de saúde; não participam de programas do Estado vinculados à família. No total, os homossexuais têm negados 78 direitos conclui a ONG Leões do Norte, do Recife, com base num levantamento feito pela entidade.Ao mesmo tempo em que a comunidade GLBT luta pelo reconhecimento de seus direitos em Aracaju, no Rio de Janeiro um estudante de 19 anos foi baleado por um 3º sargento da policia militar.

A ASTRA é uma organização não-governamental sem fins, na cidade de Aracaju (SE). É uma entidade de utilidade pública, reconhecida pela Lei Estadual nº. 5.198 de 9 de julho de 2006. Em Sergipe, já há alguns anos, a Astra – Direitos Humanos e Cidadania GLBT vem atuando na prevenção de DST-AIDS e na busca pela conquista e garantia de plenos direitos humanos para a comunidade GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros).

Na tarde de ontem o 1º diretor da Ong, Cláudio Vasconcellos, nos recebeu em sua residência para falar sobre a atuação da ASTRA em Sergipe.

EM PAUTA.:   O que é a ASTRA?

Cláudio Vasconcellos: A ASTRA é uma Organização- não – governamental de direitos humanos e cidadania LGBT

EP.:   Há quanto tempo ela foi criada?

CV.:  A Astra tem 10 anos de existência

EP.:   Como surgiu a ASTRA?

CV.:  A Astra surgi após a dissolução de alguns núcleos pertencentes ao DIALOGAY, primeiro grupo de luta e combate aos direitos gays de Sergipe.

EP.:   Qual a sua ligação com a ASTRA?

CV.:  Sou tesoureiro e membro diretor da instituição.

EP.:   O que te levou a trabalhar com a ASTRA?  Você poderia falar um pouco sobre a sua trajetória dentro do movimento pelos direitos dos homossexuais?

CV.:  Entrei na ONG como revisor de textos e passei por toda essa trajetória de 6 anos em atividades de redução de danos, agente de saúde e acessor pedagógico.

EP.:   Qual o trabalho que a ASTRA faz? 

CV.:  A Astra atua diretamente em toda parte que abrande os direitos humanos e a cidadania  dos LGBT, bem como na parte de prevenção, advocacy e questões relacionadas a saúde pública desses grupos vulneráveis.

EP.:   O trabalho desenvolvido dentro da ASTRA é um trabalho promovido apenas por voluntários ou há uma remuneração para seus integrantes? Que tipo de profissionais trabalham com vocês?

CV.:  Há trabalho voluntário e há trabalho remunerado através de licitações para concursos públicos para obter financiamento através de verbas destinadas a projetos que envolvam cidadania, advocacy, prevenção e redução de danos.

Os profissionais são advogados, médicos, pedagogos, professores e psicólogos.

EP.:   Existe uma diferença entre o trabalho feito com os gays em geral e com os travestis? 

CV.:  Não, só o foco em questão. Mas o trabalho é o mesmo. Inclusive ambos abrangem a sigla utilizada pelo movimento.

EP.:   Como funciona a organização da Parada LGBT? Quem financia? Vocês recebem algum tipo de apoio do governo? 

CV.:  O Governo apóia as paradas LGBTs por entender que naquele momento há uma conscientização por parte da população e que aquele momento é um momento de fazer prevenção não só as doenças infecto-contagiosas, mas também às vulnerabilidades que esses grupos são submetidos perante a sociedade civil em geral. Esses projetos passam por uma seleção para que possam ser aprovados e enviados as verbas para as ONGs onde depois são completamente checadas e passam por prestação de contas rigorosíssima que deixa inadimplente a ONG que fizer o mau uso do dinheiro ou não comprovar o uso através de notas fiscais e licitações de três estabelecimentos, como rege o manual de licitações do governo federal.

EP.:   Sobre as vítimas de preconceito, vocês oferecem algum tipo de orientação, apoio?

CV.:  Psicológico e às vezes jurídico.

EP.:    Você poderia esclarecer o significado (e diferenças) da sigla LGBT?

CV.:  L lésbicas

         G gays 

         B bissexuais

         T transexuais e travestis.

 EP.:  .  Por que a parada mudou tanto de nome nos últimos anos?

CV.:  A Parada nunca mudou de nome. O que muda é o tema.

EP.:    Com relação ao controle da DST-AIDS, como anda a campanha em Sergipe?

CV.:  Esses dados são controlados pelas Coordenações municipal e estadual de DST-AIDS. As ONGS trabalham para diminuir o número de casos e são reconhecidas porque o governo admite que as ongs são peças fundamentais, porque abrangem e chegam aonde o serviço do governo não chega.

EP.:   O SUS tem alguma política de assistência direta aos grupos homossexuais?

CV.:  Não. O SUS é um sistema único, e não poderia abrir serviços paralelos, senão abriria para negros, mulheres profissionais do sexo, surfistas etc….

EP.:   Como vocês estão trabalhando o tema PLC 122-2006, que torna crime a prática da homofobia?

CV.:  Como qualquer outro que tramita no senado…. parado. 

EP.:   O travesti, geralmente, tem sua imagem profissional ligada à prostituição. Quanto disso corresponde à realidade?

CV.:  Segundo a uma pesquisa de 2009 idealizada pela ASTR, 70% dos travestis de Sergipe ainda trabalham como profissional do Sexo.

EP.:    Existe em Sergipe, em particular, ou no Brasil, algum trabalho voltado para a profissionalização do travesti?

Sim. 

EP.:   Durante as eleições presidenciais desse ano, o tema do casamento entre homossexuais foi colocado em pauta e a então candidata e hoje eleita presidente, Dilma Roussef, teve uma postura silenciosa. Como você avalia isso?

CV.:  Não sei se o que a comunidade LGBT quer realmente o casamento. Mas sim o direito de ter os mais de 15 direitos que são ceifados de nós por seguirmos com uma orientação sexual que difere, ou não, dos que estão a frente, representando o povo brasileiro. 

EP.:   Quais os trabalhos que a Astra ira encabeçar no ano de 2011?

CV.:  Trabalho de Prevenção a disseminação do Vírus da AIDS

Trabalho de Prevenção de Danos ( álcool e drogas ) aos LGBT

ERONG – Encontro Regional de ONGs AIDS

Parada do Orgulho 2011

 EP.:   Existem dados estatísticos sobre a população homoafetiva em Sergipe? Quais são?

CV.:  Não existe.

EP.:   Como funciona o financiamento da ASTRA?

CV.:  Projetos nacionais e estaduais que são concorridos quando abrem edital.

EP.:    Gostaria que falasse um pouco sobre a estrutura física e organizacional da ASTRA.

CV.:  A sede é na casa da diretora tomando a parte da frente da casa, compreendendo entre uma sala principal, sala de reuniões, uma biblioteca e um banheiro.

Calçadas da terra

Posted in Perfil, Uncategorized by micheletavares on 16/12/2010

Calçadão preparado para o natal (Foto: Illton BIspo)

Mais do que uma rua o Calçadão da João Pessoa derrama sergipanidade sob os pés dos passantes

Por: Liliane Nascimento

Cada lugar possui o mérito de ser único e é por muito mais do que uma combinação de número, rua, cidade, estado e país. Cada lugar é o lirismo que desperta nos passantes e nos que se deixam ficar. As calçadas de Itabira são lugar quando põe ferro nas palavras de Drummond, as ruas de Recife são lugar quando põe saudades nos versos de Bandeira e assim, é lugar o Calçadão da João Pessoa quando põe muito mais do que produtos na vida dos aracajuanos, põe alegrias, amizades, encontros, fugas, descanso e mais beleza do que pode ser aprisionada em qualquer fotografia.

Está no dia-a-dia dos moradores de Aracaju procurar as coisas de que precisam no Calçadão, que nem precisa ser chamado Calçadão da João Pessoa, pois o sobrenome é desnecessário para aqueles que são íntimos. Este Calçadão não é só as lojas, ele é cada pedra, cada banco e cada pessoa que passa por lá. Ele, que já foi rua do barão por causa do Barão de Maruim, tem sua história, já o diga o Cine Rio Branco que marcou uma época sediando grandes óperas e outros espetáculos, antes de ser fechado porque o seu dono deixou de interessar-se por arte.

Mal amanhece e as três cores das suas pedras se transformam em tapete, os bancos se tornam acolhedores e os primeiros vendedores já tomam seus lugares, se preparando para tirar dalí o dinheiro que sustenta suas famílias,

Calçadão da João Pessoa (Foto: Liliane Nascimento)

assim como os engraxates e as estátuas-vivas. Este Calçadão que movimenta a economia com seu comércio, todavia, não é o único que existe, há o Calçadão dos estudantes que se divertem com seus amigos enquanto passam e olham em volta para saber o que há de mais novo e há ainda o calçadão dos velhinhos que sentados nos bancos durante o dia quase inteiro, parecem compreender o sentido maior do Calçadão e já não pedem dinheiro, diversão ou qualquer outra coisa, eles não querem nada, ou melhor, querem apenas estar ali, neste ambiente que se mistura.

Essa variedade de pessoas é aceita sem que ele rotule ou divida em grupos, por ele todos poderiam comprar, encontrar pessoas, tomar sorvete, fazer uma pregação, jogar xadrez ou simplesmente andar; o Calçadão não faz distinção entre pessoas, ele não vai perguntar a elas quem são ou quanto têm, vai apenas se apresentar como opção e como não abre ou fecha é opção por tempo indeterminado.

No Calçadão também há contrastes que não podem ser ignorados, ao lado das lojas abarrotadas de belas mercadorias estão pessoas pobres e doentes, com as mãos estendidas no vazio esperando ajuda dos que passam, e os que passam na maioria das vezes não os querem notar. Também não são notados os loucos que apontam o dedo para o alto, dizem conhecer toda a verdade e depois sentam-se e lá ficam por várias horas sem que nada lhes perturbe a reflexão.

Quando anoitece o Calçadão vira um ambiente a parte, aos poucos já não se podem ouvir os rapazes e moças que insistentemente perguntavam “quer fazer cartão senhor?” ou os marketeiros das lojas de eletrodomésticos com seus preços sempre mais baixos que os da loja  vizinha. São ouvidos agora outra leva de vendedores que oferecem bolsas, perfumes, CDs e DVDs pirateados e todo o tipo de comida que se possa imaginar distribuída por mesinhas que se estendem de um extremo a outro.

Vestido para o Natal o Calçadão ganha um quê diferente, ganha cores, ganha sons, ganha até uma visita do Papai Noel e como é do seu feitio os repassa para sua gente sem cobrar nada em troca. Ele é um local de contrastes, de movimento e calmaria por onde passam pessoas que fazem parte daquela história e daquele lugar, pessoas que serão pais, serão mães e continuarão sendo peças desse tabuleiro que em um extremo se estica para olhar as águas mansas do rio Sergipe e no outro mostra a delicadeza da Praça Fausto Cardoso. Atravessar esses extremos é mais do que dar 480 passos, atravessar o Calçadão é construir uma história e caminhar sobre um pedaço de si.

Candomblé: festa, tradição e alegria.

Posted in Perfil by micheletavares on 15/12/2010

Ao ritmo dos tambores e no envolvimento das vestes festivas.

Por: Egicyane Lisboa Farias

Yaô de Xango (foto: Sandra Souza Leite)

Quando a dança começa, atabaques excitados, o corpo se esvaindo em desejos de espaço, as peles dominando o cosmo, envolvendo o infinito, o som criando outros êxtases, uma representação viva da arte no meio de um ritual envolto de belezas e ritmos.

“Axé” é o poder de transformar o mundo cotidiano e a vida das pessoas, mas também é a genealogia ritual de um terreiro e sua mãe-de-santo que quem conhece encanta-se e admira-se pelo Candomblé.

A música é um envolvimento, um movimento dinâmico de culto aos ancestrais.  Tendo como papel primordial a invocação aos orixás, servindo como intermediário entre os homens e os deuses que são cultuados em meio a essa musicalidade, mostrando o desejo e continuação de uma tradição envolvendo beleza e mistério.  Canto é a essência do candomblé.

            Cantos de beleza soam a Oxum dos legados que os antepassados deixaram, festejam a natureza, festejam o nascimento, festejam os orixás. Pensando bem, é um toque que define o  sentimento pelo Candomblé, pois é num toque que sentem todas as emoções possíveis e imagináveis de como quando ouvimos uma cantiga que nos toca em especial, mais profundamente…É nesse toque que passam a conhecer os orixás, sentir seu abraço, sua energia, passam em fim a conhecer a si mesmos.

o trio de tambores Rum, Rumpi e Lé (foto: Fabiano Bispo)

Quando toca o som dos tambores, há um envolvimento com o som divertido e frenético dos abes e observando nitidamente o som preciso e decisivo do agogô. . O trio de tambores, Rum, o maior, Rumpi, o médio, e Lé, o menor, são tratados pelos adeptos como verdadeiros deuses. Recebem oferendas e reverências. Estes instrumentos são indispensáveis para o culto, pois, apenas através da música, ocorrem as incorporações. Os instrumentos se comunicam diretamente com os orixás clamando pelo seu retorno a terra. A música produzida pelo candomblé apresenta uma grande diversidade de ritmos e segundo a fé dos praticantes, os versos e as frases rítmicas repetidas incansavelmente, têm o poder de captar o mundo sobrenatural.

Não há como fugir, não há como fugir dessa magia sem igual, não há como não se envolver no bailar das pessoas diante da roda. Uma roda que demonstra aos mais atentos, responsabilidade, tradição e muita alegria, alegria em estar adorando àqueles aos quais eles descedem, amam e que vivem dentro deles, os movendo e  mostrando o caminho melhor a ser seguido nessa batalha cotidiana em que vivem. Mas é aí que entra a sintonia perfeita: ao sairem do toque já chegado ao fim, estão com a fé renovada. São as forças da natureza, os orixás que os movem para a vida, dessa vez ainda mais felizes, lembrando sempre os melhores valores, lembrando que a vida deve ser vivida sem culpa e sem pecado, que não há outro bem maior que a família e que nunca, nunca conseguirão viver sem alegria e sem um belo sorriso no rosto. “Viver e não ter a vergonha de ser feliz”.

tambores (foto: Fabiano Bispo)

Mais em meio a tanta festa, há um momento de silêncio, quando os tambores se calam e entram no momento de reflexão. É ritual de feitura ao sacerdócio no Candomblé, chamados também de “fazer o santo”, “fazer a cabeça”, “deitar para o santo”, “oba baxé ori” ou simplesmente “orô”, que é sacrificio e consagração. A pessoa que se inicia no candomblé torna-se adoxo, ou seja, passa a possui oxu, que é o canal de comunicação entre o iniciado e o seu orixá. Todo o processo de iniciação se destina à criação de ambiente propício ao tão sonhado encontro.

Feitura representa um renascimento, é o reconhecimento e a admissão do ori escolhido no orum. É o mesmo que entregar a cabeça (principio da individualidade) ao orixá (o deus maior de cada ser), permitindo que os deuses conduzam sua vida e seu destino. A feitura é um divisor de águas na vida, tudo será novo. A “feitura de santo” implica um período de reclusão geralmente de 30 dias. Os costumes da comunidade e os princípios que regulam as relações da família religiosa (hierarquia sacerdotal); as formas adequadas de comportamento nas cerimônias públicas e restritas.

Conhecimentos acerca de seu próprio Orixá são ministrados: a maneira adequada de cultuá-lo, as suas proibições, as virtudes que deverão ser cultivadas e os vícios que deverão ser evitados para atrair influências benéficas e uma relação harmoniosa com a divindade pessoal. Nesse prazo serão realizados os ebós, as oferendas a Exu e aos ancestrais, além de ocorrer todo aprendizado em relação à religião: as rezas, os cânticos, as danças etc., e por fim o orô ritual no qual, na maioria das vezes, o filho-de-santo tem seus cabelos raspados e recebe oxu,  e passa pelo ritual de efun (no qual seu corpo é marcado por pintas de giz), que se repetirá pelos sete dias subseqüentes.

            A festa em que o yaô é apresentado à comunidade é popularmente conhecida como saída de yaô e reconstitui em suas três etapas fases da concepção e do nascimento. Finalmente, prosta –se em frente aos atabaques, saudando as autoridades, . A cada reverência o iaô bate palmas compassadas. Neste ritual é acompanhado por toda a comunidade, prova de que, a partir daquele momento jamais estará sozinho.

Xango (foto: Sandra Souza Leite)

            O momento mais esperado de saída de yaô, quando o orixá anuncia o nome da iniciação de seu filho. É a partir desse momento que começa a contar a vida na religião. É um momento de muita alegria, no qual a comunidade recebe um novo membro.

            Os segredos só têm valor e poder porque podem ser revelados, e esse valor é aniquilado no momento da revelação. O segredo é um fenômeno social cujo valor deriva da sua circulação restrita dentro de comunidades delimitadas, como as hierarquias rituais do Candomblé. Até as vestimentas guardam seus segredos, seus mistérios e encantos. Existe uma definição para cada ocasião, para cada cargo no candomblé. Roupa de ração é a roupa usada diariamente em uma casa de Candomblé. São roupas simples que podem ser coloridas ou brancas, composta por saia de pouca roda para facilitar a movimentação, camisu geralmente branco e enfeitado com rend bordados, calçolão (espécie de bermuda amarrada por cordão na cintura, um pouco larga para facilitar a movimentação e proteger o corpo em casos que se é necessário sentar no chão), pano da costa e o ojá, um pano que se amarra à cabeça.

vestimentas masculinas e femininas (foto: Fabiano Bispo)


            A roupa fala de um simbolismo muito especial, que além de ético e moral, os axós dão para as mulheres posição e postura. É bonito se notar a forma e a reverência que estas roupas expressam em sua aparência e jeito: respeito acima de tudo! O vestuário de uma Iyalorixá é diferente das roupas usadas pelas ekédis e yaôs, é caracterizada pelo uso da “Bata” que é usada por fora da saia com o camisu por baixo. A Bata é símbolo de cargo ou posto dentro da hierarquia do Candomblé. O pano da costa dobrado sobre o ombro também tem sua representação, é um símbolo de cargo, pois, os Yaôs o usam amarrado no peito, as egbomis na cintura e Iyalorixás no ombro. Normalmente, saias e Batas de bordado richelieu, também só são usadas pelas Iyalorixás, assim como o pano da costa de Alaká africano.
Os turbantes também chamados de torço ou ojá, usados na cabeça normalmente são maiores e mais ornamentados, assim como determinados fio-de-contas não podem ser usados por pessoas que não tem cargo, o (fio de ouro)por exemplo só pode ser usado por Iyalorixás com mais de 50 anos de Santo, símbolo de senioridade.

De cientista política à benfeitora social

Posted in Comportamento, Educação, Entrevista, Politica Pública by micheletavares on 15/12/2010

A jovem universitária que com um projeto simples, pretende incluir milhares de jovens carentes de sua cidade natal no mercado de trabalho.

Por Matheus Alves

A baiana Emily Couto, idealizadora do projeto "Inclusão e Cidadania" - Arquivo pessoal

Uma iniciativa inusitada, é assim que podemos classificar o projeto “Inclusão e cidadania”, onde milhares de jovens de comunidades carentes terão a oportunidade de fazer um curso de língua estrangeira para serem inseridos no mercado de trabalho, durante o período da Copa de 2014. Uma ideia simples, que acaba por se tornar um divisor de águas no futuro de muitos jovens e suas famílias. A autora desta ideia é baiana de Itabuna, residente no estado de Sergipe a incompletos três anos, estudante de Ciências Sociais na Universidade Federal de Sergipe e com o sonho de se tornar uma cientista política renomada. Essas são algumas das características peculiares da jovem de 21 anos, Emily Couto, que hoje já planta as sementes que deseja colher no seu futuro. Ela obteve recentemente aprovação de seu ambicioso projeto em sua cidade natal, almejando que seu projeto se estenda também para a capital sergipana.

Emily nos recebeu em sua residência para uma conversa com um tom informal e amistoso para esclarecer um pouco mais sobre o seu projeto, sua visão sobre política, sua carreira acadêmica, seus sonhos e expectativas.

 

Dentre tantas opções de curso, porque ciências sociais?

Escolhi ciências sociais por dois motivos. O primeiro foi que eu tinha vontade de trabalhar com política, por causa de minha família e o segundo foi porque, sempre tive facilidade nas humanas. Então escolhi ciências sociais por causa desses dois aspectos.

Quais são seus objetivos como cientista política?

Ganhar dinheiro (risos), trabalhar na área de política como assessora política e na elaboração de projetos.

Quando percebeu que tinha um interesse pela política?

Na realidade o meu interesse pela política começou quando ocorriam os processos eleitorais. Eu queria compreender o que é o parlamento, compreender o que é um partido, pra poder não ser massa de manobra.

Como seus pais lidam com sua escolha? Eles te incentivam?

Então, no primeiro momento não. Porque é um curso que não tem propaganda. O curso que meus pais queriam que eu fizesse era direito ou na área de saúde. Porque acreditam que o retorno financeiro é mais rápido.

O que te levou a querer desenvolver esse projeto?

O projeto, o nome é “Inclusão e Cidadania”. Nós estávamos em uma reunião com um partido e nessa reunião surgiu a possibilidade de se criar um projeto social dentro de Itabuna que fosse trabalhar com a juventude. E que esse trabalhar com a juventude teria que despertar no aluno a vontade de se inserir no projeto como meio de alcançar um trabalho ou pelo menos um componente curricular. Então, sai pensando no projeto. O que seria possível criar dentro de Itabuna e que o jovem tivesse interesse? Porque pensar em trabalhar com a juventude menos favorecida, que chega com mais facilidade à questão de drogas, violência e prostituição, você tem que pensar “é, o único meio de alcançar esses jovens é por dois aspectos; ou um projeto que emocione, que trabalhe as relações afetivas. Ou um projeto que vá trabalhar e/ou dar chance a ele de se inserir no mercado de trabalho”. Então eu comecei a pensar nisso. Chego em casa, sentei, parei de pensar e vi a propaganda da copa do mundo. E ai falei “Pronto! O projeto já está armado em minha cabeça. Eu vou fazer um projeto que envolva a copa do mundo”. E foi quando surgiu, conversando com um amigo, a ideia de criarmos um projeto que trabalhasse com idiomas de atendimento ao público estrangeiro. E fomos à prefeitura, perguntando se seria possível criar um projeto de língua estrangeira dentro de comunidades de índice de violência grande, o prefeito falou que seria, mas questionou, qual seria o objetivo?…

No caso, então seria um projeto para a copa de 2014?

Exato. E ai pensamos em como iria ser desenvolvido esse projeto de língua estrangeira. E um dos pré-requisitos para esse projeto foi à elaboração de um convênio entre hotéis, entre parceiros políticos e agencias aéreas. Foi o primeiro aspecto a ser pensado.

Como funciona o projeto?

Então, o projeto ele tem a previsão de durar dois anos, aulas aos sábados. Três horas de aulas seguidas. Com dois tipos de metodologia, que é a prática da fala e a prática da escrita. O projeto tem três línguas estrangeiras, que é o inglês o francês e o espanhol. Os professores foram selecionados de acordo com a experiência na língua e a formação acadêmica. As metodologias das aulas poderiam chamar de uma copia bem feita de vários cursos de renome, como o Wizard, ACE, CCAA, entre outros.

Quantas pessoas estiveram envolvidas para a realização dele?

Nós temos hoje um quadro de 16 professores mais quatro coordenadores. Esses coordenadores são distribuídos por área. Então no caso, são três idiomas, fica um coordenador geral mais três em cada área; inglês francês e espanhol.

O que te levou a querer desenvolver esse projeto?

Em 2002, minha família se mudou para Itabuna, saímos de uma cidade com pouco mais de 12 mil habitantes que era Uruçuca uma cidade pequena e com alto índice de violência envolvendo jovens e crianças. O fato da violência simbólica ou física contra jovens é algo que fico angustiada. Quando pensei em fazer ciências políticas queria trabalhar na área de assistência a juventude, durante esses três anos de curso visitei  poucas vezes Itabuna sempre pensando em uma possível ideia para melhorar o quadro social da cidade.  Constatava a falta de projetos de inclusão do jovem no mercado de trabalho, Fui convidada pelo presidente da juventude de um partido para ajudar na campanha de um candidato a deputado com ótimas ideias para mudança da criminalidade entre jovens. Comovida com a violência em Itabuna e vendo jovens de minha idade sendo mortos por causa do trafico, resolvi procurar o prefeito de Itabuna para oferecer o projeto Inclusão e Cidadania para trabalhar com juventude.

Em quantos projetos você esteve envolvida durante seu curso?

Estive envolvida em dois projetos sociais. É interessante deixar claro assim, de que muita gente pensa que ciências sociais é um curso que ele tem a formação para ajudar ou modificar a sociedade. E ciências sociais é um curso que lhe ensina a conhecer a estrutura de um determinado fato, mostrando causas e efeitos e só. Ele não tem o aspecto de assistência social. Tem que ficar bem claro de que ciências sociais é totalmente diferente de serviço social. E ai é quando eu fujo um pouco da formação acadêmica, de que eu estou sendo formada para analisar uma estrutura da sociedade e não para fazer um projeto social de modificar essa sociedade.

Pode falar um pouco de cada um deles?

o primeiro foi desenvolvido em uma casa de candomblé aqui em Aracaju. Que é o projeto “Inclusão Digital”. O projeto atende a 100 jovens entre 15 a 29 anos, foi um edital que nós conseguimos através do Governo Federal, ele distribui computadores, mesa, e você tem que ter o espaço físico e tem que ter os professores para atender esses jovens. Esse projeto de inclusão social é um projeto que não é recente, ele vem sendo estimulado pelo governo federal há alguns anos. E nós conseguimos por dois motivos, um porque o projeto estava muito bem elaborado e o outro foi pela quantidade de vagas que o governo ofereceu pro estado de Sergipe. E o segundo projeto é esse que a gente está desenvolvendo na Bahia, que é o “Inclusão e Cidadania”, que é para trabalhar com língua estrangeira

E o que pretende depois? Quero dizer, depois que se formar, o que planeja?

Então, isso ai é uma dúvida, né? Porque interesses e sonhos são muitos. Mas a gente sabe que alem da dificuldade do mercado de trabalho, a outra dificuldade é a falta de experiência no campo. Minha formação me permite trabalhar em sala de aula e que eu também posso trabalhar na área de assistência política, na área de pesquisa. Então, eu pretendo que eu consiga um trabalho em uma dessas áreas, ou na área de pesquisa ou na licenciatura mesmo.

Falando de política. Como você encara o atual cenário político do país?

Se a gente for pegar do ponto de vista macro, tem muita coisa a se falar. Em outros aspectos é a força que o Lulismo tem aqui no Brasil de conseguir quebrar um preconceito ou, eu poderia classificar como preconceito mesmo, da chegada da mulher no poder. Então você tem um governo em que 80% da população aprova, você coloca ai que 60% dessa população, ela é de classe baixa e classe média, então você encara isso como um fato histórico politicamente, pegando da trajetória de Lula, de que foi um operário, de que entrou na política no país, onde tem-se a ideia de que o presidente tem que ter um nível superior, podemos encarar uma mudança no comportamento social, que a capacidade não está ligada à formação acadêmica.

E nossa juventude? Como você analisa a relação dela com a política?

A juventude não se preocupa com os efeitos que a política pode causar em sua vida. Observo que a falta de preocupação é um fator que vem da formação educacional, os jovens não são despertados para compreender quais os motivos que eles devem se preocupar e participar da política. Os partidos criaram a ala jovem para incentivar a filiação e a participação da juventude na política, mesmo com esses mecanismos a participação da juventude militante ainda é precária.

Pretende seguir carreira política algum dia?

Quando era mais jovem imaginava que a carreira política fosse algo fácil de administrar, quando comecei a trabalhar nos bastidores da política percebi que não tenho características pessoais para dedicar a ser representante do interesse coletivo.

TIRIRICA: de Florentina a Deputado Federal mais votado nas Eleições 2010

Posted in Uncategorized by micheletavares on 15/12/2010

Por: Cleanderson Santana.

O palhaço tiririca, da Florentina e de todos os brasileiro (Foto: http://www.google.com.br)

Em uma família muito humilde, da cidade de Itapipoca no interior do Ceará, no dia 1° de Maio de 1965 nascia Francisco Everaldo Oliveira Silva, esse é o nome de um dos palhaços mais engraçados e polêmicos de todos os tempos no Brasil. Cantor, compositor, humorista e recentemente eleito o Deputado Federal mais votado em todo o Brasil nas eleições de 2010.
Ainda na infância, por ter um temperamento muito forte, sua mãe lhe daria o apelido que o ajudaria a criar sua identidade artística, foi graças a ela que o Francisco Everaldo passaria a ser o famoso “Tiririca.”
Aos oito anos de idade começou a trabalhar como palhaço em um circo na sua cidade, nessa época, agora já Tiririca, se apresentava em uma espécie de barraca –  ou os tão famosos no Nordeste “Tomara que não chova” – Com o passar dos anos, tiririca foi ficando muito famoso no nordeste inteiro, com isso, os donos dos circos onde ele se apresentava se reuniram e juntos pagaram as primeira mil cópias do seu primeiro CD, “Florentina”.
Em 1996, o Tiririca apenas conhecido no Nordeste se tornaria uma celebridade nacional, o seu 1° CD vendeu mais de 1,5 milhões de cópias, isso graças a exaustivas execuções nas rádios da sua música, de refrão bastante pegajoso, Florentina. Inicialmente foi distribuída nas regiões de juazeiro e Pernambuco, mas logo se tornaria conhecida nacionalmente. A gravadora Sony Music, acreditando no potencial e no carisma do palhaço Tiririca, comprou o disco e o lançou para todo o Brasil, era só o que faltava para impulsionar a carreira desse palhaço do interior do Ceará.  Batendo recorde de audiência durante apresentações em programas televisivos, sua música tocando incansavelmente nas rádios do país, era mais do que ele poderia sonhar.
Logo no seu primeiro CD, Tiririca já chegou causando muita polêmica, graças a canção “Veja os cabelos dela” considerado por muitos como uma música de conteúdo racista.

“Parece bom-bril, de ariá panela
Parece bom-bril, de ariá panela
Quando ela passa, me chama atenção
Mas os seus cabelos, não tem jeito não
A sua caatinga quase me desmaiou
Olha eu não aguento, é grande o seu fedor”

Como ser uma pessoa famosa tem suas conseqüências, Tiririca foi processado por racismo, seus discos foram apreendidos a execução das músicas pelas rádios foi proibida, mas ele conseguiu ser absolvido.
Em 1997 lança seu segundo Cd, com destaque para a música “Ele é corno, mas é meu amigo”, novamente repetiu o sucesso do seu primeiro CD e o fez permanecer na mídia por mais tempo. Em 1999, depois de um breve afastamento da mídia por problemas pessoais, ele ressurge com o seu 3° CD (Dança da República), agora não mais lançado pela Sony, e sim por uma gravadora independente. No mesmo ano ele foi contratado pela Rede Record, para trabalhar em um programa humorístico chamado “Escolinha do barulho” aonde ele seria apenas ele mesmo, o Tiririca. Passou pela Rede Manchete, pelo SBT, onde tinha um quadro fixo no programa “A praça é nossa”. Atualmente ele faz parte do elenco do programa Show do Tom, na Rede Record.
” O Tiririca é uma ótima pessoa, e há muito tempo é meu amigo. Claro que o meu voto é dele. ”- Tom Cavalcante
Criador de muitas polêmicas, meio que sem querer querendo e foi assim que no ano de 2010, ele criaria a maior de todas as polêmicas envolvendo seu nome quando foi anunciado que ele se lançaria candidato a Deputado Federal pelo Estado de São Paulo por meio do Partido da República.
Muitos não acreditaram que ele pudesse vir a vencer uma eleição, principalmente ao assistir o horário político onde lá estava o palhaço Tiririca, fazendo suas palhaçadas, brincando com coisa séria. Mas a verdade é que com o seu slogan “2222, vote em Tiririca, pior do que tá não fica”, no dia 3 de Outubro de 2010 foi oficializado, o palhaço Tiririca ganhara as eleições pelo Estado de São Paulo para Deputado Federal como o mais votado no Brasil, exatamente 1.348.295. Mas as polêmicas não param por ai, logo viria à notícia de que ele seria analfabeto, a revista Época faria uma reportagem afirmando que ele não sabia ler nem escrever.
“Tiririca, o candidato que não lê. Vários indícios sugerem que Tiririca não sabe ler nem escrever. A constituição proíbe candidatos analfabetos.”- Revista Época.
Mas, após o caso ser levado a julgamento, Tiririca foi absolvido pela justiça e poderá assumir seu mandado.
Tiririca é aprova de que uma pessoa humilde, vinda das camadas mais baixas da sociedade que luta e corre atrás dos seus sonhos pode os tornar reais sem precisar fazer coisas erradas. É a prova de que o melhor remédio para á vida é a verdadeira felicidade.

D. Pedro, um príncipe “à moda da casa”.

Posted in Perfil by micheletavares on 15/12/2010

Dom Pedro I (Foto: google.com.br)

Por Eudorica Leão

Quem avistasse aquele menino de cabelos cacheados e negros,  nariz aquilino, olhos pretos e sorriso largo correndo pela Quinta da Boa Vista ou pela Fazenda Santa Cruz, não imaginaria que se tratava do herdeiro do trono e futuro Imperador do Brasil. D. Pedro não era exatamente o que se esperava de um príncipe.

O segundo na linha sucessoria, D. Pedro torna-se o herdeiro do trono após a morte de seu irmão mais velho, Antonio. Preterido pela mãe, Carlota Joaquina, em favor de seu irmão Manoel, foi criado solto “como Deus cria batata”. É possível que, essa falta de cuidado por parte da rainha, tenha moldado de maneira particular o comportamento do jovem Pedro.

Grosseiro, mal educado, impaciente com as cerimônias oficiais era também uma pessoa de sorriso farto, de uma simplicidade incomum para os homens brancos da época e para os nobres em particular. Misturava-se ao povo como se dele fizesse parte. Contrário à escravidão africana e a pretença superioridade da raça branca, dizia saber que seu sangue e o dos negros não se diferenciavam na cor.

Adulto, tinha três grandes paixões: música, cavalos e mulheres. Tocava nove instrumentos, entre estes o mau falado violão, ou viola francesa como era chamado na época; instrumento considerado vulgar, ainda mais quando usado para executar o lundu, música de “negros” onde o convite para dança era feito com uma umbigada. D.Pedro era um exímio tocador de lundu, e o fazia em bares e ruas de fama duvidosa do Rio de Janeiro.

Sua outra paixão eram os cavalos. Aprendera a montar caindo, no total foram 36 quedas. Mas a prátiaca não se limitava a montaria, cuidava pessoalmente de seus animais.

Quanto às mulheres… Bem, D. Pedro não era exatamente um monge, e nem a essas deixava passar,  a exemplo de Ana Augusta, monja portuguesa com quem teve um filho, a quem dera o primeiro nome do pai: Pedro.  Sua fama de mulherengo e conquistador era tamanha, que os pais cuidadosos literalmente escondiam suas filhas quando sabiam que D. Pedro estava nas proximidades.

Amante insaciável, D.Pedro bulivana escravas, frequentava bordéis, seduzia moças de familia e sabe-se lá mais o que. Dizem que a esposa do imperador, imperatriz D. Leopoldina morreu de tristeza, por causa das inumeras aventuras amorosas do marido. Diante da difícil tarefa de listar as amantes de D. Pedro, falemos então da mais famosa: Domitila de Castro e Canto Melo, a marquesa de Santos ou “Pompadour dos Trópicos” como ficou conhecida na Europa.  Nem mesmo sua paixão pela marquesa conteve os ânimos do D. Juan do Novo Mundo. D. Pedro teve um caso com a irmã da marquesa de Santos, a baronesa de Sorocaba Maria Benedita de Castro Canto e Melo, que lhe dera um filho.

Aliás, D. Pedro foi pai de muitos filhos, 18 no total entre legítimos e inlegitimos. Se a fama de mulherengo risca sua imagem de marido, que isso não atinja a imagem do pai, era tido como cuidadoso e amoroso. Ao renunciar ao trono em favor de seu filho, escreve-lhe uma carta onde trata Pedro de Alcantara João (futuro D. Pedro II), ainda uma criança de cinco anos, por “Meu querido filho e meu imperador”. D. Pedro mostra-se um homem emotivo, a quem as lágrimas o impediram de responder com maior brevidade uma carta do filho. A saudade dilacera o coração daquele pai, para quem  “Deixar filhos, pátria e amigos, não pode haver maior sacrifício; mas levar a honra ilibada, não pode haver maior glória”.

Possuidor de um temperamento extremista, capaz de grandes ódios e grandes amores, não é dificil listar  para cada nome seu (e era extenso: Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon) um vício e uma qualidade. Definiu-se como verdadeiro, humano, generoso e “capaz de esquecer as ofensas que me são feitas.”

 

ônibus 040: Quem te conhece, não te esquece jamais.

Posted in Perfil by micheletavares on 15/12/2010

O Ônibus das cenas inusitadas, Marcos Freire II / DIA (Foto: Illton Bispo)

Por Illton Bispo

      O ônibus ainda é o transporte coletivo mais popular nas cidades, e ainda muito usado por trabalhadores, principalmente em países como o Brasil. O primeiro serviço de transporte coletivo de ônibus no país foi implantado em 1908, ligando a Praça Mauá ao Passeio Público, no Rio de Janeiro.

     A cada dia e a cada manhã uma nova história para contar. São inúmeras pessoas que se utilizam desse veículo na cidade de Aracaju, especialmente quem utiliza o ônibus 040, Marcos Freire II / D.I. A, que liga os Bairros Lamarão, Santos Dumont, Capucho ao Terminal do Distrito Industrial (D.I. A). Vive sempre apertado, aliás, aperto é quase um elogio para o nosso amigo aqui. Pois se não tiver no aperto, pode-se dizer que não é o 040.

    Sua trajetória começa bem cedinho, lá pelas 4h da manhã e segue sua rotina embalado pelos ritmos musicais do momento, que vão desde o arrocha a Lady Gaga constituindo assim, um cenário favorável para  caras feias , discussões e  até mesmo estranhamentos,sem falar no mau humor das pessoas. Os sons que ecoam no ambiente do ônibus, parte dos diversos aparelhos celulares e MP3. Além dos gritos, xingamentos, piadinhas com o motorista e cobrador.

     Acompanhada a rotina em horário de pico ao longo das avenidas e ruas de Aracaju, é possível notar a variedade de figuras pitorescas encontradas no interior do  040. É ambulante aqui, outro ali, mudinho entregado papelzinho, onde na maioria das vezes é motivo de socos e ponta pés. Pois o nosso amigo tem um belo histórico de brigas, armações e barracos. E quando chega  no Terminal  Maracaju, localizado na Zona Norte da cidade, no Bairro Santos Dumont é um verdadeiro Deus nos acuda, uma correria só  aglomerados de pessoas querendo descer e outras subir ao mesmo tempo.Trabalhadores, donas de casa,  estudantes e até mesmo idosos travam uma luta por um espaço livre no 040.

 Jailson Silva, usuário do Marcos Freire II/D.I.A, há   cinco anos,  fala que a população de Aracaju ainda  é ignorante no que se diz respeito a cidadania. E que as pessoas não se importam com o comum. 

    O ônibus é considerado por muitos, como uma super “máquina” de transportar pessoas em massa. Transporta da mais simples pessoa ao mais inusitado objeto, como por exemplo, uma imensa cama de solteiro, que   se transforma em motivo de burburinho e atiça a indignação de alguns de seus passageiros. Suas portas andam quase sempre abarrotadas é gente caindo de um lado para o outro, as pessoas até parecem desenhos animados, grudados uns aos outros e nos vidros das janelas, tamanha é a lotação do no nosso companheiro Marcos Freire II/ D.I.A. 

Passageiro se preparando para mais uma "aventura" no 040. (Foto: Illton Bispo)

    Muitos usuários reclamam do aperto e da falta de segurança dentro do ônibus. Pois o nosso amigo é um forte alvo de maníacos sexuais que se aproveitam das mulheres indefesas e os assaltos frequentes que muita das vezes, as pessoas nem se dão conta que estão sendo roubadas, tudo isso em virtude da super lotação. Que na maioria das vezes o motorista do veículo é taxado de culpado. De certa forma eles acabam sendo culpados. Tendo em vista que  na maioria das vezes  eles não para no ponto certo durante o seu trajeto, freiam bruscamente e acaba produzindo efeito dominó e sai derrubando tudo dentro do nosso amigo 040.

     Segundo Antônio Silva, motorista de 57 anos,  as pessoas reclamam da lotação com razão, no entanto há reclamações de todos os lados que se pode imaginar. A única alternativa para o 040 não lotar é não parar nos pontos. Mas se isso acontece, causa outro transtorno e reclamações, “se bem que muitos amigos meus fazem esse tipo de coisa. As pessoas não entendem que é nosso dever é parar. Mas cabe as pessoas decidirem se vão ou não subir em um ônibus lotado”. Outro fato interesante que acontece com frequência com o nosso amigo Marcos Freire II/D.I.A.É  que  muitos motoristas param fora do ponto dentro dos Terminais  de integração,com o objetivo de descarregar os passageiros para quando chegar ao ponto certo outros passageiros subirem com traquilidade, mas as pessoas estão desabituadas a este tipo de manobra e quando avistam o ônibus, saem correndo  feito loucos.

     Já são 17h, fim de tarde e mais um início de pico na cidade. As pessoas estão voltando do trabalho para suas casas,mais estressadas  do que nunca.E a rotina do Marcos FreireII/ D.I.A  se repete novamente:lotação,aperto, mal humor  e por aí vai.Assim,o nosso  companheiro 040, traça  seu destino mais uma vez .Sua vida conturbada   e cheia de histórias só  encerra no final da noite,onde a  paz, tranquilidade  e harmonia predominam em seu interior. Quem sabe, se as empresas de transporte urbano da capital disponibilizassem mais ônibus nessa linha nos horários de picos, o nosso amigo seria menos lotado e mais agradável.